RETROSPECTIVA: MELHORES LEITURAS DE 2017

No começo do ano, a meta foi ler doze livros sobre os mais diversos temas (Religião, Filosofia, História, Literatura Brasileira, etc.). A única coisa que essas obras tinham em comum é que foram todas escritas por mulheres. Relembre clicando aqui.
É uma imensa alegria dizer que a meta foi atingida. Todos os livros foram lidos, mas ainda não foram postados comentários sobre dois deles: Como fritar as Josefinas – A Mulher nos Bastidores da Empresa Familiar Brasileira da empresária Yara M. Fontana e o romance Faze-me Falta da escritora portuguesa contemporânea Inês Pedrosa.
Antes de escrever algo sobre essas obras, gostaria de fazer uma retrospectiva sobre como foi passar um ano focada em ler autoras. Foi uma experiência muito mais transformadora do que eu imaginava que seria. Nunca pensei que eu fosse tão treinada a menosprezar o conhecimento intelectual de mulheres, mas eu era (e talvez ainda seja). Ler mulheres me ensinou a ver isso. Naturalmente, passei a citar mais mulheres nas conversas cotidianas e essa atitude surpreendeu colegas ao meu redor.
Para mencionar apenas dois episódios de 2017, uma colega e eu estávamos conversando sobre como as pessoas julgam e são julgadas pela aparência. E eu me lembrei de um conto do livro Quarto 19 da Nobel britânica Doris Lessing (relembre aqui), que trata magistralmente sobre o tema. Parece que isso surpreendeu a minha colega, muitas vezes, nos esquecemos que várias mulheres também ganharam o Nobel (confira a lista completa neste link).
Outro momento, foi durante um almoço, um grupo de colegas estava conversando sobre programas sensacionalistas da TV brasileira e como eles exploram a violência. Disse algo como: uma filósofa que eu li compara o prazer de ver o sofrimento dos outros pela televisão ao prazer do voyeurismo. Um colega surpreendido (e parecia que ele estava mais surpreendido como gênero do filósofo do que com a afirmação em si) perguntou imediatamente: Que filósofa?. Respondi: Susan Sontag (Relembre os comentários sobre o livro Diante da Dor dos Outros, que estava na meta, clicando aqui). E ele replicou que já ouvira falar dela, mas nunca lera. Vocês também já citaram alguma mulher numa conversa mais intelectualizada? Como foi a experiência?


Vale muito a pena ler Susan Sontag e quero ler, pelo menos, mais um livro dela, provavelmente Sobre Fotografia. Outro livro filosófico importantíssimo que tive a oportunidade de ler este ano foi As Origens do Totalitarismo de Hannah Arendt. Foi o segundo livro que eu li da autora. Gostei tanto que tive que escrever três posts sobre o tema, um para cada parte do texto (relembre clicando aqui, parte 1, parte 2 e parte 3). Com certeza, quero ler mais livros da Hannah Arendt, os que mais despertam meu interesse são: Entre o Passado e o Futuro e Homens em Tempos Sombrios.


A melhor leitura de 2017(e está bem difícil de escolher), no entanto, talvez seja Livro da Vida, uma autobiografia de Santa Teresa de Ávila, uma freira espanhola que viveu entre 1515 e 1582. Eu não esperava tudo aquilo (aquele saber, aquela espiritualidade e aquela força revolucionária) de uma freira católica da Idade Média. É surpreendente. A partir dessa leitura, escrevi dois posts (relembre clicando aqui, parte 1 e parte 2). Também leria outros livros da mesma autora, com certeza. Santa Teresa é doutora da Igreja e escreveu vários, provavelmente, a minha próxima leitura dela será As Moradas do Castelo Interior.

Coincidentemente este ano também tomei conhecimento da obra (sem tradução para o português) da freira mexicana Juana Inés de la Cruz, que viveu de 1651 até 1695, e também é impressionante (relembre aqui). Para completar uma série de coincidências, li um livro do médium espírita Divaldo Franco (eu não leio livros alegadamente psicografados, mas leio livros sobre a teologia do Espiritismo, assim como eu leio livros teológicos de qualquer outra religião). Nesse livro, o autor alega que Santa Teresa de Ávila, Juana Inés de la Cruz e sua mentora espiritual Joanna de Ângelis são a mesma pessoa em reencarnações sucessivas. Eu não acredito nisso, mas as semelhanças entre as obras de Santa Teresa e Juana Inés, de fato, são notáveis.


Pra continuar falando de leituras notáveis de 2017, vale um destaque para A Imperatriz de Ferro – A Concubina que construiu a China Moderna (relembre clicando aqui). A História da imperatriz Cixi da China é muito impactante. Quando eu li a biografia da Golda Meir (relembre aqui), a introdução mencionava que Golda fora a primeira mulher a liderar uma nação no Ocidente em tempos modernos, porque no Oriente fora a imperatriz Cixi na China. Eu nunca ouvira falar nesse nome antes, não tinha a menor ideia de quem fosse e, depois que li o livro, fiquei impressionada com a habilidade de liderança e a quantidade de coisas que a imperatriz construiu na China. Os feitos de Cixi colocam os da Golda Meir no chinelo.


Para Literatura em geral, cabem dois destaques este ano, A Casa dos Espíritos da escritora chilena Isabel Allende (relembre clicando aqui). Eu demorei muito para ler porque achava que ele fosse sobre o Espiritismo, mas não tem nada a ver. Concorre para ser um dos melhores romances que eu já li na vida. Se você já leu Cem Anos de Solidão do Nobel colombiano Gabriel García Marquez e gostou, você tem que ler também A Casa dos Espíritos. Eu me arrisco a dizer que, se você for latino americano, você tem a obrigação “moral e cívica” de ler A Casa dos Espíritos. O outro destaque é para o romance Primavera da Nobel norueguesa Sigrid Undset (relembre clicando aqui). Até onde eu sei, esta é a única obra da autora traduzida para o português e não foi uma tradução direta. Mas vale muito a pena lê-la, apesar do que foi perdido com a tradução. A escritora escreve sobre questões humanas (e femininas) que ainda são atuais até hoje (mais de um século depois).
Desculpe por não ter publicado o nosso post semanal no domingo passado. Estou trabalhando para que isso não aconteça novamente. No próximo post, vamos falar sobre as metas de 2018 (leituras, posts e vídeos). Muito obrigada a todos vocês que curtem o nosso trabalho. Por favor, fiquem à vontade para deixar críticas, sugestões, comentários e acompanhar a nossa página no Facebook.

BOA SEMANA! BOAS LEITURAS!
QUE EM 2018, NADA DE PERTURBE! 
POEMA DE SANTA TERESA D'ÁVILA CANTADA POR IRMÃ KELLY PATRÍCIA



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A SUÍÇA E SEUS ESCRITORES: DE ROMANCES A LIVROS EMPRESARIAS

HISTÓRIAS ÍNTIMAS – MARY DEL PRIORE

TRÊS TEMPLOS NA ÍNDIA: AKSHARDHAM, GALTAJI e SIDDHIVINAYAK