EM NOME DA MÃE - O NÃO RECONHECIMENTO PATERNO NO BRASIL (ANA LIÉSI THURLER)

Domingo, 13 de maio de 2018, Dia das Mães, aniversário de 130 anos do fim da escravidão no Brasil. Eu aqui, atrasada com minhas leituras. Até agora, foram seis livros meta. Terminei de ler Budismo Moderno, li também De Saga em Saga da primeira mulher a ganhar o Nobel de Literatura, a sueca Selma Lagerlöf (em 1909). Agora estou lendo a segunda parte de Dom Quixote.
Mas eu queria falar sobre as coisas que estão acontecendo no momento tanto na minha vida quanto na realidade brasileira de modo geral. Falar o quê? Ainda não sei. Começando pela parte pessoal, já saiu o resultado daquele concurso que eu ia prestar. Fiquei entre as 35% melhores notas, mas não passei. Bola para frente.
PROGRAMA DE ESTÁGIO DE VERÃO NA REPÚBLICA TCHECA
Falando de oportunidades no exterior. A República Tcheca (país centro europeu) tem um programa para aumentar as parcerias com o Brasil e está oferecendo uma oportunidade única de estágio para alunos de universidades brasileiras (em qualquer nível, graduação, mestrado ou doutorado) nas áreas de Ciências, Engenharias, Humanas e Artes, que falem inglês.
As inscrições vão até o fim deste mês. As etapas do processo consistem em escolher um projeto que tenha interesse em participar, preencher um formulário online e escrever uma carta de motivação em inglês. Os selecionados serão chamados para uma entrevista em inglês para comprovação da proficiência no idioma. 
Os aprovados irão realizar um estágio de dois meses no centro universitário escolhido na República Tcheca. Os alunos podem escolher se preferem fazer em agosto e setembro ou em janeiro e fevereiro (quando é inverno naquele país).
Se você tem interesse ou conhecesse alguém que possa ter interesse, por favor, ajude a divulgar. A República Tcheca é um dos países mais lindos do mundo. Mais informação pelo site: http://www.incbac.org/

Vista do Rio Moldava, em Praga, capital da República Tcheca.
Foto de acervo pessoal.

130 ANOS DE LIBERDADE NO BRASIL (SERÁ?)
Gostaria muito de já ter lido o livro Na minha pele do ator Lázaro Ramos. Mas ainda não li. Está na lista. Se você já leu, por favor, deixe o seu comentário sobre o que você achou. É inegável que a escravidão é uma mancha quase indelével na História do Brasil.
Por enquanto, só tenho algumas referências da literatura em inglês. Entre elas, o livro Negras Raízes – A Saga de uma Família de Alex Haley. Existia uma lenda na família (afro-americana) do autor. Em certo momento da vida, ele decidiu fazer uma pesquisa aprofundada sobre a vida dos seus ancestrais (da África até a América do Norte) e acabou descobrindo que a lenda era verdadeira.

Toni Morrison, única mulher afro-americana
que já ganhou o Nobel de Literatura (1993).

Não dá para fechar esse tema sem falar da única mulher afrodescente que já ganhou o Nobel de Literatura em 1993, a norte-americana, Toni Morrison. Ainda não a li, mas suas obras mais conhecidas são Amada (ou Beloved, dependendo da tradução), O olho mais azul e A canção de Salomão. Caso eu vá realmente para o Canadá, prometo rever a meta de leitura para incluir as duas mulheres da América do Norte que já ganharam o Nobel, Alice Munro (do Canadá) e Toni Morrison (dos EUA).
DIA DAS MÃES
A maternidade é sagrada, é um privilégio e um dom de Deus. Muito se diz sobre ela no Brasil, principalmente pelas alas ditas “mais conservadoras” da sociedade. Porém, pouco (ou quase nada) é feito para apoiar, de verdade, as mães e crianças. Essencialmente não apoiamos as mães pobres, as trabalhadoras (no Brasil faltam creches) e as solteiras.
Minha recomendação de leitura sobre o tema é Em Nome da Mãe – O não reconhecimento parterno no Brasil de Ana Liési Thurler. No Brasil, a contrário da maioria das legislações de outros países (inclusive dos latino-americanos), a mulher é obrigada a provar que o homem é o pai da criança para obriga-lo a registrar a criança. No mundo, a maioria das leis assume a palavra da mulher como verdadeira, e o homem, se sentir prejudicado com isso, e quem deve, então, provar que não é o pai. Ele tem um prazo de alguns dias para recorrer do registro da criança. Caso ele não se manifeste, a lei assume que ele, de fato, é o pai. É assim que acontece, por exemplo, no Peru.

Recomendação de leitura!

A legislação brasileira exige que a mulher prove a paternidade, porque a lei a assume (algum resquício de direito romano?) que toda mulher mente. O testemunho de uma mulher, nessa perspectiva, nunca é válido. Depois que a gente pensa, o mais natural é realmente deixar ao homem a responsabilidade de provar que não é o pai. Mas estamos tão inseridos na nossa cultura e sociedade, que nem refletimos mais sobre o tema, como ele exige e merece.
A juíza Maria Aglaé Tedesco Vilardo faz uma excelente palestra sobre isso (baseada em sua vivência na vara da família). Você pode assisti-la completa no canal do Café Filosófico.

SELMA LAGERLÖF, A NOBEL QUE ENTENDEU A MATERNIDADE
A leitura de Selma Lagerlöf, primeira mulher a ganhar o Nobel, também foi muito marcante para mim. É uma mulher que nasceu em 1858. Ela era paraplégica. Mas quando criança, existia um navio muito famoso na Suécia. Essa embarcação ficava viajando o mundo e raramente voltava ao seu país de origem. Quando retornava, era uma grande festa. 
Alguém contou que o navio era “mágico” para a pequena Selma e ela acreditou que se entrasse nele, seria curada. Quando a nave chegou no porto da Suécia, a menina fez tanto esforço para entrar, que ficou de pé e começou a andar. A psicanálise da época tentou dar algumas explicações para o fato. Selma andou por toda a sua vida adulta, até sua morte, aos 82 anos. Mesmo assim, Selma sempre mancou e arrastou uma perna. Mas ela era muito grata por poder andar.

Selma Lagerlöf, primeira mulher a ganhar
 o Nobel de Literatura em 1909.

Talvez por causa dessa deficiência, Selma nunca se casou e jamais teve filhos. Mas lendo o livro dela, De Saga em Saga, escrito por volta do ano de 1900, me surpreendi com a capacidade da autora de compreender a maternidade em todos os seus aspectos. O primeiro conto é a estória de uma moça jovem e pobre que foi seduzida pelo patrão (casado), engravidou dele, perdeu o emprego, é discriminada pela pequena vila sueca, não consegue outro trabalho, tem a criança, desesperada, recorre à justiça e pede uma pensão ao pai da criança. O conto começa na corte, durante esse processo. É chocante ver como eram as leis suecas na época.
Já o último conto do livro é sobre um casal com dois filhos. O marido é um artista que se torna alcóolatra e passa a agredir (verbalmente) a esposa. Cansada daquilo e pensando no bem-estar dos filhos, a mulher pede o divórcio e arruma um emprego. O pai pede a guarda das crianças para punir e prejudicar a ex-mulher. Mesmo sendo um alcóolatra, desempregado e violento, a justiça sueca da época dá a guarda para o pai das crianças.
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BOA SEMANA!  BOAS LEITURAS!

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