POR QUE O DÓLAR SUBIU?

O Dólar e o Real são moedas respectivamente dos EUA e do Brasil. Sexta-feira (18/05/2018), a cotação do dólar comercial fechou a R$ 3,74.1 

NÃO VOU VIAJAR PARA O EXTERIOR, E QUAL O PROBLEMA  DO DÓLAR SUBIR?

O problema é que o Brasil não produz localmente a maioria dos produtos que nós, brasileiros, consumimos. Muita coisa é importada (inclusive produtos básicos de alimentação, higiene e remédios) e, portanto, são comprados em dólar. Isso significa que vai ficar mais caro viver aqui, o que pode acarretar uma inflação mais alta.

Imagem retirada do site PixaBay.

COMO SE MEDE A INFLAÇÃO?

A inflação é medida por indicadores. O mais conhecido deles é o IPCA (Índice de Preços do Consumidor Amplo). Esse índice é feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), todo dia 1º e 30 de cada mês. Ele é pensado para abranger a variação nos preços de produtos de alimentação e bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, saúde, habitação e cuidados pessoais. Atualmente o IPCA está em alta acelerada (para os padrões das últimas duas décadas).2

COMO SE FAZ A INFLAÇÃO PARAR DE SUBIR?

Não é fácil fazer a inflação parar de subir, nem a cotação do dólar. Para isso, além de garantir a estabilidade da economia como um todo, existem as Autoridades Monetárias. No Brasil, elas se dividem em duas: Conselho Monetário Nacional (CMN) e Banco Central (BC).

QUAL A FUNÇÃO DO CMN?

O CMN tem objetivo formular a política de moeda e de crédito, visando a estabilidade da moeda e do desenvolvimento econômico. Ele é composto por três membros, o(a) Ministro(a) da Fazenda, o(a) Ministro(a) do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e o(a) Presidente do Banco Central (BC).

QUAL A FUNÇÃO DO BC?

Enquanto o CMN pode ser pensado como um órgão mais teórico, que apenas pensa e formula estratégias para o País, o BC pode ser pensado como o órgão que de fato executa as políticas propostas pelo CMN.

Na mitologia romana, o deus das mudanças e transições chama-se Janus e ele é representado como tendo duas faces. Gosto de pensar que o BC é como esse deus. Ele tem duas faces, uma voltada para dentro do Brasil e outra voltada para o exterior. O BC precisa usar as suas duas faces simultaneamente para proporcionar uma economia estável com crescimento e desenvolvimento.

Estátua de Janus - Museu do Vaticano
Deus romano da transição e da mudança, que pode ser usado
como uma metáfora para o Banco Central.

QUAL A FACE INTERNA DO BC?

Dentro do Brasil, o BC pode diminuir a quantidade de dinheiro disponível à população por dois meios principais, aumento das reservas bancárias e aumento da taxa de juros. Isso reduz a inflação.

Reservas Bancárias: são uma porcentagem de dinheiro que os bancos são obrigados a manter em caixa por ordem do BC. Elas se dividem em três tipos e a mais efetiva como ferramenta monetária é chamada de “depósito compulsório”.

Juros: Não é só o BC que determina a taxa de juros básicos da economia (Selic). Entram aí outros fatores, mas para facilitar, vamos imaginar que seja só o BC. Quando você vai pedir dinheiro emprestado no seu banco, seu gerente vai determinar o percentual dos juros que você vai pagar da seguinte forma: “Taxa básica de juros (Selic) + quanto dinheiro o banco quer ganhar +o risco de você não pagar”. Quanto mais alta estiver a Selic, mais juros você vai pagar e mais difícil fica conseguir um empréstimo.

QUAL A FACE EXTERNA DO BC?

Juros: Países, assim, como pessoas, pedem empréstimo para investidores internacionais. Os investidores (assim como os bancos), decidem se vão investir naquele país ou não, seguindo a seguinte lógica: “Taxa básica de juros (Selic) + risco desse país não me pagar”. Esse risco é medido pelas agências internacionais, como Fitch e Standard & Poor’s. O risco dos EUA é quase zero e o do Brasil é muito alto. Além disso, por razões que não dá para explicar neste post, os EUA vêm subindo sua taxa de juros, enquanto o Brasil está diminuindo a Selic continuamente. Nesse cenário, é lógico que os investidores vão colocar seu dinheiro em um país que está pagando mais e tem menor risco (os EUA), consequentemente, o valor do dólar sobe.

Queima de reservas: No curto prazo, o BC tem três ferramentas para conter a sangria da alta do dólar: swaps cambiais, venda direta e leilão de linha. Por enquanto, ele está optando pela primeira.3 É preciso ter em mente que qualquer uma das três são soluções imediatas, que não resolvem o problema no longo prazo, talvez nem no curto, só no curtíssimo. A única medida que pode ajudar a mitigar o problema (partindo do pressuposto que os EUA não vão mudar a sua política) é a alta dos juros, mas essa é uma medida impopular para um ano eleitoral.

Minha visão é de que, até dezembro, o preço do dólar vai ficar descontrolado, assim como a inflação e que, ganhe quem ganhar as eleições, essa pessoa terá que tomar a medida impopular de subir a taxa de juros, se quiser ter um país minimamente governável.

ITAÚ CULUTURAL – OCUPAÇÃO ANTÔNIO CÂNDIDO

Esta semana fui procurada pelo Itaú Cultural que me pediu para divulgar o evento Abertura da Ocupação Antônio Cândido e Colóquio Internacional no dia 23 de maio, em São Paulo, na sede do Itaú Cultural. O evento contará com a presença de diversos escritores e professores para homenagear o centenário do nascimento do intelectual brasileiro Antônio Cândido de Mello e Souza, já falamos sobre ele no blog 500livros (relembre aqui). Se tiver a oportunidade, participe!


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BOA SEMANA!
BOAS LEITURAS!

1https://economia.uol.com.br/cotacoes/cambio/dolar-comercial-estados-unidos/

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