"O HOMEM DEIXA DE SER HOMEM QUANDO NÃO SABE DAR AMOR NEM ESPERANÇA AOS DEMAIS" (Dr. Denis Mukwege, Nobel da Paz em 2018)

No mês de outubro, tradicionalmente, temos a entrega dos prêmios Nobel de Literatura, de Química, de Física e da Paz.
NOBEL DE QUÍMICA E FÍSICA 2018
Este ano o Nobel de Química foi para um trio de cientistas que desenvolveu proteínas com princípio de evolução (confira a matéria do G1, clicando aqui).
O prêmio de Física também foi para um trio de cientistas, dessa vez, por sua pesquisa com laser. Entre eles, uma cientista canadense, Donna Strickland, a terceira mulher a ganhar esse prêmio na História (confira a reportagem sobre sua vida no site Nexos, clicando aqui). Antes dela já tínhamos Marie Curie (1903) e Maria Goeppert-Mayer (1963).

A três mulheres que já ganharam um Nobel de Física: Donna Strickland (2018), Maria Goeppert-Mayer (1963) e Maria Curie (1903).

NOBEL DA PAZ 2018
O prêmio Nobel da Paz foi para dois ativistas contra o uso de violência sexual como arma de guerra: a iraquiana Nadia Murad, de 25 anos, e congolês Denis Mukwege, de 63.

Nadia Murad, Nobel da Paz em 2018.

Murad pertence a uma minoria religiosa de seu país, chamada de yazidi. Uma religião com cerca de 400 mil seguidores, que combina elementos de várias tradições do Oriente Médio. Por isso, os yazidis são considerados “infiéis” pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Nadia tornou-se ativista dos direitos humanos após ser sequestrada e violentada durante três meses por membros desse grupo. Ela conseguiu fugir e hoje lidera uma campanha para impedir o tráfico de pessoas e liberar os yazidis da perseguição (confira a matéria sobre ela no Yahoo Notícias, clicando aqui).
Denis Mukwege é um médico congolês que atende mulheres estupradas em seu país. É também uma das vozes mais críticas ao governo de seu país. Ele fez especialização na França, onde poderia ter seguido carreira como médico, mas escolheu voltar e lutar pela dignidade das mulheres que são vítimas dos conflitos que devastam a República Democrática do Congo (RDC).

Dr. Denis Mukwege, Nobel da Paz em 2018.

Mukwege é casado, pai de cinco filhos e pastor neopentecostal. Mas seu engajamento pela defesa das mulheres o expõe a grandes perigos, já recebeu várias ameaças, em 2012, escapou de uma tentativa de assassinato. Depois de um breve exílio na Europa, decidiu voltar para o RDC por não conseguir ficar longe de seus pacientes. Defensor da dignidade humana Mukwege fundou em 2014 um movimento feminista masculino, V-Men Congo (confira a reportagem do Yahoo Notícias sobre ele, clicando aqui). Uma de suas frases famosas é:
“O homem deixa de ser homem quando não sabe dar amor nem esperança aos demais.”

2018: UM ANO QUE NÃO TEVE NOBEL DE LITERATURA
O que pouca gente pode ter notado é que este ano não teve Nobel de Literatura. A causa foi um escândalo sexual envolvendo a Academia Sueca, confira os detalhes pela reportagem da BBC, clicando aqui. Não é o primeiro ano que não há entrega do Nobel de Literatura, isso já aconteceu, por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas, com certeza, esse é um dos motivos mais baixos e vis que já causaram o cancelamento do evento.
A expectativa é que, em 2019, sejam entregues dois prêmios, um por 2018 e outro por 2019. A minha expectativa pessoal é que ele seja entregue a escritoras. Clicando no canto superior esquerdo deste blog (ícone com três barras paralelas), você vai encontrar a aba “Mulheres & Nobel”. Clicando neste link, você vai ver uma lista com as 15 mulheres que já ganharam o Nobel de Literatura, com os comentários dos livros delas, que eu já li.

Grazia Deledda, escritora italiana, segunda mulher a ganhar o Nobel de Literatura, em 1926.

No caso, já li cinco autoras e decidi ler mais um este mês. Escolhi a italiana Grazia Cosima Deledda, segunda mulher a ganhar o prêmio, em 1926. Deledda nasceu na Sardenha em 1871 e faleceu em Roma em 1936. Assim como outras laureadas, Deledda carece de obras traduzidas para o português, até o momento, só existem cinco: duas em Portugal (Carlo-escuro, Gleba, Lisboa, 1943 e Mariana Sirca, Idem, ibidem, 1944) e três no Brasil (O Drama de Regina, Globo, Porto Alegre, 1932, Caniços ao Vento, Delta, Rio de Janeiro, 1964, e Cosima, Editora Horizonte, Vinhedo, 2005).

Tradução mais recente de uma obra de Grazia Deledda para o português (2005).

Por ser a tradução mais recente disponível (2005), escolhi Cosima para ler. Trata-se de um romance autobiográfico, em que autora conta a sua vida na infância até a adolescência, junto ao seio de uma família patriarcal num vilarejo pequeno, numa das regiões mais economicamente primitivas da Europa. O ambiente descrito por Deledda é semelhante ao do filme, também ambientado na Sardenha, Pai Patrão.

Pai Patrão, filme italiano sobre a Sardenha patriarcal.

O texto, em si, é excelente. Mostra que a autora foi digna do prêmio que recebeu. Mas, para mim, que não pertenço a essa cultura, os valores são um pouco chocantes. Se eu fosse descendente de italianos, acharia quase obrigatório lê-lo, pois, valorizo conhecer as origens de nossa ancestralidade, respeitá-la, manter as partes positivas e conhecer os erros do passado, para desenhar novos rumos.
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