SUPERANDO TRAGÉDIAS: A SAGA DA MINHA FAMÍLIA



Boa noite, pessoal. Como eu posso ajudar vocês? Por favor, deixem temas e sugestões para os próximos posts.

BOA NOTÍCIA DA SEMANA

Quase todos os domingos, eu venho sem um tema pré-definido. A boa notícia dessa semana para mim, é que a empresária Luiza Helena Trajano da Magazine Luiza lançou seu canal no YouTube com mensagens inspiradoras (Confira, clicando aqui).

Canal do YouTube da empresária Luiza Helena Trajano voltada para informar e concientizar pequenos e médios empresários nessa quarentana, assim como toda a população.


CAUSOS DE FAMÍLIA

Aos fins de semana, estou aprofundando o hobby de descobrir as origens dos meus ancestrais. Como eu já escrevi aqui antes, eu fiz um teste de DNA. A plataforma do site diz quais são os outros usuários cadastrados que compartilham DNA comigo. Isso me colocou em contato com alguns parentes que eu não conhecia e ajudou a me aproximar de outros que eu já conhecia e que também se interessam pelo tema da ancestralidade.

Ontem achei alguns documentos antigos, que escaneei e subi na plataforma. Aliás, que tal usar essa quarentena para fazer back-up de algumas fotos e documentos importantes? Ou organizar um armário? Entre os documentos que escaneei, estavam a certidão de casamento dos meus avós maternos, a certidão de casamento de um dos meus bisavós paternos e uma certidão de militar do meu avô (de 1958).

Nunca conheci esse avô. Quando eu nasci, ele já tinha morrido. Mas achei curioso que o documento vem com várias descrições físicas dele. Cor: Moreno. Altura: 1,67 m. Cabelos: Castanhos Lisos. Olhos: Castanhos. Dizem que eu sou muito parecida com esse avô (inclusive a altura é a mesma) e que nós temos a mesma cor de pele. Para a época, ele não foi considerado branco. Meu pai explicou que eram consideradas brancas apenas pessoas loiras e que, informalmente, ainda tinha o “branco de qualidade”, que era loiro de olhos azuis ou verdes. Passou pela minha cabeça, se o fato de meu avô ser “moreno” no documento militar impediu (ou não) ele ter subido ao alto oficialato (em um Brasil de 1958). Nunca saberemos. Mas só o fato de ter isso na certidão, hoje parece estranho para mim.

Certidão de militar do meu avô. Documento de 1958.

Outra curiosidade é que constata que ele não tem mãe. E como pai consta no nome do meu bisavô. De fato, a minha bisavó era falecida naquela época. Mas é um pouco engraçado dizer que alguém não tem mãe, mas tem pai em um documento oficial. Minha bisavó morreu de tifo (ou de febre tifoide) em São Carlos (interior de São Paulo) em 1932.

Tifo e febre tifoide são doenças bacterianas contagiosas diferentes. Eu não sabia disso, sempre achei que fossem a mesma coisa, descobri hoje, pesquisando para vocês. As duas matam e são altamente contagiosas, o nome vem de uma palavra que significa "morte" em Latim. Teve uma epidemia de uma delas na região de São Paulo em 1932. A minha bisavó não morava em São Carlos, ela estava fazendo uma viagem na época e teve de ser internada às pressas, devido à epidemia. São Carlos pode ter sido a primeira cidade que a minha família encontrou ou a cidade que tinham algum parente (e essa informação se perdeu com o tempo). Como ela morreu lá (provavelmente na Santa Casa) e era uma doença contagiosa, ela teve de ser enterrada lá. Até hoje o túmulo dela existe no Cemitério Municipal. NADA MAIS ANTIGO DO QUE UMA EPIDEMIA.

A família do meu bisavô estava envolvida na construção de Goiânia. Na mesma época, a capital de Goiás estava sendo transferida de Goiás Velho, terra da nossa querida poetisa Cora Coralina (relembre aqui) para Goiânia (de uma forma não muito consensual, para dizer o mínimo). NADA MAIS ANTIGO DO QUE UMA BRIGA POLÍTICA.

 Planejaram e construíram Goiânia no comecinho da década de 30 e... Esqueceram que uma cidade precisava ter cemitério. Até 1937, Goiânia não tinha cemitério. Pelos jornais da época, a gente percebe que houve uma polêmica sobre a construção de um crematório (coisa moderna para a época). Mas esse cemitério só saiu no fim da década de 30. NADA MAIS ANTIGO QUE FALTA DE PLANEJAMENTO E INFRAESTRUTURA.

Eu acredito que, assim que o cemitério de Goiânia ficou pronto, o corpo da minha bisavó foi transferido de São Carlos para Goiânia e hoje estão ambos os meus bisavós enterrados lá.

BIBLIOTECA NACIONAL E SEUS TESOUROS

Mas como é que eu consultei essas coisas sobre a construção do cemitério em Goiânia? Pelos jornais da época, que estão disponíveis no site da Biblioteca Nacional (BN). A BN tem uma hemeroteca digital. Hemero... o quê? 

Hemeroteca é o setor das bibliotecas onde se encontram as coleções de jornais, revistas, periódicos e obras em série.



Na hemeroteca digital da BN (link aqui), é possível consultar diversos jornais de várias regiões e diferentes épocas. Eu procurei Goiânia na década de 30 e vieram diversas notícias sobre a transferência da capital, a construção do cemitério, e outras mais “curiosas”, como a procura de um macaco gigante que viveria no alto do Rio Araguaia e uma índia xinguana que estaria viva aos 150 anos. Para gente ver, que fake news, assim como epidemias, não são coisas só da nossa época. NADA MAIS ANTIGO DO QUE FAKE NEWS.

Para procurar o nome de uma pessoa, é preciso escrevê-lo entre aspas, assim “Maria dos Santos”. Você pode filtrar por região, por exemplo, jornais do estado de São Paulo, ou por período, por exemplo, entre 1920 e 1929.

Além da busca em jornais, a BN também oferece a busca no acervo digital, que envolve também manuscritos (acesse clicando aqui). Por exemplo, um dos avôs da minha mãe se chamava “Antonio Joaquim da Costa”, um nome muito comum. Se eu procuro em todos os campos do acervo, aparece um documento de 1855 escrito à mão. Este documento é uma precatória, em favor do filho de Antonio, para que restitua a quantia pertencente à herança de seu pai, Antonio Joaquim da Costa. NADA MAIS ANTIGO DO QUE UMA BRIGA POR HERANÇA.

Primeira página de um manuscrito de 1855, referente a uma disputa por herança de um homônimo do meu bisavô.


Precatória é um documento usado pela Justiça quando existem indivíduos em comarcas diferentes. No caso, a precatória saiu do município de Formiga, Minas Gerais. Não deu para entender tudo, pois é um manuscrito, mas parece que a outra parte está em Montes Claros, também Minas Gerais. Não é o meu bisavô, porque as datas não batem. Mas eu queria dar esse exemplo para mostrar quantos documentos importantes e antigos podem ser encontrados.

Voltando aos meus bisavós paternos, com a certidão de casamento deles, eu cheguei casualmente no nome do meu tataravô. Procurei pelo nome dele nos jornais e descobri uma tragédia que nenhuma pessoa da minha família sabia. Em 1880, meu tataravô tinha uma fazenda chamada Bella Vista (escrita desse jeito, com dois l, sabe-se lá o porquê) em Uberaba, Minas Gerais. NADA MAIS ANTIGO DO QUE FAZER UM NOME PARECER ESTRANGEIRO PARA FICAR MAIS GLAMUROSO.

Aqui cabe lembrar que Frutal ainda não era separado de Uberaba nessa época. Talvez essa fazenda ficasse em Frutal, também Minas. Meu bisavô teria, em 1880, quase 2 anos. Segundo a notícia do jornal, ele tinha um irmão de 10 anos (sem nome). Um menino de 9 anos, filho de um outro fazendeiro (o nome do pai está identificado no jornal), estava brincando com uma arma de fogo, quando acidentalmente atirou e matou o irmão do meu bisavô. Isso aconteceu no dia 10 de dezembro de 1880. NADA MAIS ANTIGO DO QUE IRRESPONSABILIDADE DOS PAIS.

Notícia de um jornal de Recife, republicando uma tragédia em Uberaba (no ano de 1880), que envolvia a minha família.


Os jornais de Uberaba que, provavelmente, deram essa notícia na época não existem mais. Mas eu encontrei um jornal de Recife (de janeiro de 1881) republicando essa notícia e citando que a fonte é a Gazeta de Uberaba, do mês anterior. Sim, eles republicavam notícias de tragédias e de violência já naquela época. Era os primórdios de pegar a violência do país e do mundo inteiro e levar para as casas das pessoas. NADA MAIS ANTIGO DO QUE EXPLORAR A VIOLÊNCIA NA MÍDIA.

 Mais de 100 anos depois, isso contribuiu para eu contar um fato novo na História da minha família.

NADA MELHOR DO QUE POESIA PARA MELHORAR NOSSAS VIDAS!

Para quem quer uma coisa mais leve e com menos tragédia, a avó de um grande amigo meu era uma educadora e poetisa de Franca (interior de São Paulo), chamada “Maria Margarida Nocera Alves”. Meu amigo achou vários poemas dela em jornais dos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Vale a pena conferir.



LEITURA DA SEMANA

Vamos usar o nosso tempo e a nossa disponibilidade sempre para agregar algo a nossa vida. Algo que nos traga valor. Sempre! Só para não passar batido, para não dizerem que eu não escrevi sobre livros, estou lendo um livro de escrita científica em inglês e o romance O Deus das Pequenas Coisas da escritora indiana Arundhati Roy.

Muito obrigada por permitirem que eu compartilhe isso. Querendo saber mais novidades, vocês me acham no Facebook e no Instagram.


BOA SEMANA!

BOAS LEITURAS!

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