HISTÓRIA DAS MULHERES NO CANADÁ: DA MEDICINA À JARDINAGEM
Oi, pessoal. Hoje eu
vou continuar a falar sobre as mulheres na História do Québec. As próximas da
lista do livro Nossas Heroínas são:
MULHERES NO JORNALISMO
Henriette Dessaulles
(1860-1946) foi a primeira mulher jornalista do Québec. Éva Circé-Côté
(1871-1949) foi uma jornalista, escritora e bibliotecária. Ambas me fizeram
lembrar a escritora brasileira Nísia Floresta (1810-1885)
(link para a Wikipédia aqui).
Éva Circé-Côté, pioneira do jornalismo no Québec. |
MULHERES NO CIRCO
Louise Armaindo (1861-1900) foi uma
artista circense, que se exibia, principalmente, andando de bicicleta. Descobri
recentemente que o futebol feminino era proibido, por lei, no Brasil de 1941
até 1983 (confira uma matéria no Jornal da USP que fala sobre isso, clicando aqui).
As poucas mulheres que jogavam futebol na época, se apresentavam no circo, como
entretenimento. Acredito que o fato de “andar de bicicleta” fosse algo parecido
no Québec.
Louis Armaindo ficou famosa por andar de bicicleta. |
MULHERES NA JARDINAGEM
Elsie Reford
(1872-1967) foi uma filantropa e fundadora dos Jardins de Métis situado em Grand-Métis
na região de Bas-Saint-Laurent (Baixo
São Lourenço).
Elsie Reford, filatropa do Québec e criadora dos Jardins de Métis. |
Os Jardins de Métis são um conjunto de jardins ingleses, abertos à
visitação do público desde 1962. Eles se tornaram lugar histórico nacional em
1995 e são reconhecidos internacionalmente com uma obra excepcional de arte de
jardinagem. Desde 2012, eles são classificados como site patrimonial (algo como terreno do patrimônio) em virtude da
Lei sobre o patrimônio cultural do Québec.
Um jardim inglês
é um tipo de jardim que faz uso de formas irregulares, normalmente, ele é visto
como o contrário de um jardim francês. Não sei as origens do nome Métis, mas, na mitologia grega, Métis é a deusa da saúde,
proteção, astúcia, prudência e virtudes.
MULHERES NA CORRIDA DO OURO
Émilie Fortin-Tremblay (1872-1949) foi uma
mulher que participou da corrida pelo ouro para o norte do Canadá. Ela é
considerada a primeira mulher branca que atravessou a passagem de Chilkoot a caminho da Província de Yukon, um dos lugares mais
remotos e extremos do Canadá até hoje.
Passagem de Chilkoot |
MULHERES NA MEDICINA
QUÉBEC
Irma LeVasseur
(1877-1964) foi a primeira mulher franco canadense a se tornar médica. Ela
estudou Medicina no interior dos EUA (Minnesota) e se graduou em 1900. Sua área
de especialização era pediatria.
Irma LaVasseur, primeira mulher a exercer Medicina no Québec. |
ONTÁRIO: EMILY H. STOWE
As primeiras mulheres a
se tornarem médicas no Canadá são do lado inglês. Segundo a Wikipédia em
inglês, Emily Howard Stowe (1831-1903) foi a primeira médica feminina a
atuar no Canadá e a segunda licenciada no Canadá (a primeira foi Jennie Kidd Trout), também foi uma ativista dos direitos femininos
e do direito ao voto feminino. Também fez campanha para criação da primeira
faculdade de Medicina para mulheres.
Emily Stowe, primeira mulher a exercer Medicina no Canadá e segunda mulher licenciada. |
Stowe teve sua entrada
negada na Faculdade de Medicina de Toronto em 1865 e foi informada pelo seu
vice-reitor: "As portas da Universidade não estão abertas para as mulheres
e acredito que nunca o estarão". Incapaz de estudar medicina no Canadá,
Emily Stowe se formou nos Estados Unidos pela Faculdade de Medicina Homeopática
de Nova York para Mulheres em 1867, 33 anos antes da sua colega franco-canadense
Irma LaVasseur. No mesmo ano, ela retornou ao Canadá e abriu uma clínica em
Toronto. Stowe ganhou destaque local por meio de palestras públicas sobre saúde
da mulher e manteve uma clientela constante por meio de anúncios em jornais.
Em 1870, o presidente
da Faculdade de Medicina de Toronto concedeu permissão especial a Stowe e a sua
colega Jennie Kidd Trout para frequentar as aulas de
especialização. Diante da hostilidade dos professores e alunos, Stowe se
recusou a fazer as provas orais e escritas e deixou a escola.
O Colégio de Médicos e
Cirurgiões de Ontário concedeu a Stowe uma licença para praticar medicina em 16
de julho de 1880, com base em sua experiência com medicina homeopática desde
1850. Essa licença fez de Stowe a segunda médica licenciada no Canadá, depois
de Trout.
ONTÁRIO: JENNIE KIDD TROUT
Jennie Kidd Trout
(1841-1921) nasceu na Escócia mudou-se com os pais para o Canadá em 1847. Trout,
assim como Stowe, fez um curso de ensino após a graduação e lecionou até seu
casamento com Edward Trout em 1865.
Jennie Kidd Trout, primeira mulher licenciada em Medicina no Canadá. |
Motivada por suas
próprias doenças crônicas, ela decidiu seguir carreira médica, passando no
exame de matrícula em 1871 e estudando medicina na Universidade de Toronto.
Trout e Emily Jennings Stowe foram juntas as primeiras mulheres admitidas na
Faculdade de Medicina de Toronto, por acordo especial. Stowe, no entanto,
recusou-se a fazer seus exames em protesto ao tratamento humilhante da escola
pelas duas mulheres. Mais tarde, Trout foi transferida para a Woman's Medical College da Pensilvânia,
onde obteve seu diploma de Medicina em 11 de março de 1875 e se tornou a
primeira médica licenciada no Canadá.
Trout então abriu o Therapeutic and Electrical Institute em
Toronto, especializado em tratamentos para mulheres que envolvem "banhos
galvânicos ou eletricidade". Por seis anos, ela também administrou um
dispensário gratuito para os pobres no mesmo local. O Instituto teve bastante
sucesso, abrindo posteriormente filiais em Brantford e Hamilton, Ontário.
Devido a problemas de
saúde, Trout se aposentou em 1882 para Palma Sola, Flórida. Mais tarde, ela foi
fundamental no estabelecimento de uma escola de medicina para mulheres na Queen's
University, em Kingston. Sua família viajou muito entre a Flórida e Ontário e
depois se mudou para Los Angeles, Califórnia, onde morreu em 1921.
PRIMEIRA MULHER A SE FORMAR EM MEDICINA NO
CANADÁ
A fiilha de Stowe, Augusta Stowe-Gullen, foi a primeira mulher a se formar em
medicina no Canadá em 1883. É interessante notar que a Irma LaVasseur, pioneira da Medicina no Québec, poderia, em teoria, ter estudado Medicina no Canadá inglês (que já aceitava mulheres na época), porém, ela preferiu estudar nos EUA.
Augusta Stowe-Gullen, primeira mulher a se formar em Medicina no Canadá. |
PRIMEIRA MULHER A EXERCER MEDICINA NO
BRASIL
Marie Josephine Mathilde Durocher (1809 - 1893),
popularmente conhecida como Madame Durocher, foi a
mais célebre parteira do Rio de Janeiro, no século XIX. Foi a primeira mulher a
ser recebida, como membro titular, na Academia Imperial de Medicina, em 1871.
Madame Durocher, primeira mulher a ser reconhecida como médica no Brasil. |
Não consta que ela
fosse lésbica ou transexual, mas ela se vestia como homem para poder exercer a
profissão. Complementarmente ao trabalho de parteira, fazia atendimentos
clínicos na área ginecológica, cuidava da saúde de recém-nascidos e fazia
perícias médico-legais (casos de atentado violento ao pudor, defloramento,
estupro e outros). Embora a prática ginecológica fosse vedada a quem não
portasse o diploma de Medicina, Madame Durocher justificava os seus atendimentos
explicando que muitas mulheres preferiam morrer a serem examinadas por homens.
PRIMEIRA MULHER A SE FORMAR EM MEDICINA NO
BRASIL
Enquanto isso no
Brasil, Rita Lobato Velho Lopes (1866 — 1954) é considerada a primeira
mulher a se formar e exercer a Medicina no Brasil. Com especialização em
obstetrícia, também é titulada como a segunda médica a obter o êxito acadêmico
na área em todo o continente sul-americano. Ela era gaúcha, mas acabou se
formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.
Rita Lobato, primeira mulher a se formar em Medicina no Brasil. |
Que post magnífico!!! E pensar que até há pouquíssimo tempo, 1 século e meio atrás, foram essas mulheres corajosas que abriram portas para tantas hoje em dia, e não valorizamos o tamanho de sua luta! Ainda bem que o vice-reitor da Faculdade de Medicina de Toronto estava errado! E como estava!!! Um grande beijo!!!
ResponderExcluirMuito obrigada, Rô. Escrevi esse post pensando em você!
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