OS SETE PECADOS CAPITAIS DAS EMPRESAS FAMILIARES
Título: Como Fritar as Josefinas
Subtítulo: A Mulher nos Bastidores da Empresa
Familiar Brasileira
Autora: Yara M. Fontana
Editora: Cultura Editores Associados
Edição: 5ª
Ano: 2000
Como
Fritar as Josefinas pertencia as metas de leitura do ano
2017. Ele foi lido nesse mesmo ano, mas não consegui postar nada sobre ele na
época. Aliás, o Skoob (site
que uso para gerenciar leituras) aponto que este foi o livro menos popular
entre as minhas leituras. Só 7 skoobers
(usuários do site) também o livro.
Trata-se de uma experiência pessoal da
autora Yara M. Fontana, neta do fundador da Sadia, Atílio Fontana. Ela
era muito próxima do avô, tinha uma grande admiração por ele e tinha o sonho
de, um dia, também trabalhar na empresa e fazê-la crescer ainda mais. Yara se
formou em Psicologia e tentou começar no departamento de Recursos Humanos de
uma pequena filial da empresa de sua família.
Isso deve ter sido na década de 80. Para
as pessoas ao seu redor, ainda era surpreendente que mulheres da classe social
de Yara quisessem trabalhar. Seus chefes viam aquilo como uma brincadeira de menininha que vai passar. A autora enfrentou
muitos obstáculos. Em certo momento, ela era tão indesejada que trabalhava num
setor com mais dois colegas (totalizando três), que só tinha duas cadeiras.
Yara entendeu a mensagem como alguém aqui
está sobrando.
Mas o ideal de Yara foi muito grande. Ela
persistiu por vários anos (quase duas décadas). Seu maior destaque na carreira
foi ter conseguido implementar um programa de prevenção à dependência química
(principalmente, cigarros) entre os funcionários da empresa. Esse programa foi
elogiado até pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A ideia surgiu depois que um funcionário dependente
do álcool voltou para casa depois do trabalho, mas, devido ao seu estado
alcóolico, escorregou, caiu, bateu a cabeça e morreu. A gente não está
acostumado a pensar sobre isso, mas a empresa é, sim, responsável por evitar
que essas coisas aconteçam. Um programa de apoio para funcionários que querem
abandonar algum vício melhora a vida dos mesmos (podendo até salvar vidas) e
também aumenta a lucratividade da empresa.
O problema do livro de Yara é que ele é
antigo e mal editado (ou estruturado). O livro foi escrito em 1990. A autora
conta que ganhou um computador (novidade naquela época!) para escrevê-lo. A
gente nota que ela fez pesquisa para dissertar sobre o tema. Mas as referências
são mal encaixadas, parece que ela não teve um direcionamento sobre como
pesquisar sistematicamente sobre o tema.
Aliás, isso parece que foi a mesma coisa
do que aconteceu com a carreira da autora. Ela (talvez, de fato, por ser
mulher) nunca foi guiada e treinada para adquirir as habilidades necessárias
para se dirigir uma grande empresa. Analisando a formação de Yara (Psicologia)
e o modo como ela escreve e entende os fatos ao seu redor, não acredito que ela
devesse chegar à presidência da empresa, mas, se tornar Diretora de RH seria
algo perfeitamente natural e compatível com as habilidades dela. Nesse ponto,
acredito que ela realmente foi tolhida
por seu gênero.
Voltando ao assunto sobre livros, entre as
suas referências, a autora menciona Cisnes
Selvagens –Três Filhas da China da escritora chinesa Jung Chang. A mesma
autora de A Imperatriz de Ferro – A Concubina
que criou a China Moderna, que eu li o ano passado e adorei. Por isso,
também lerei Cisnes Selvangens
(#entrouPraLista).
Falando de leituras que levam a livros...a
recomendação para Como Fritar as
Josefinas veio da leitura de Bilhões
e Lágrimas –A Economia Brasileira e seus Atores de Consuelo Dieguez (outro
livro cuja leitura é super recomendada!). Lá é descrita a quebra da Sadia e
compra da mesma por sua concorrente, a Perdigão, em setembro de 2008. Se você
se interessa pelo tema, vale ler a reportagem completa da Revista
Piauí na época. A falência foi devido a um problema que poderia ter sido
evitado caso houvesse mais entendimento entre os membros daquela empresa
familiar. O livro Como Fritar as
Josefinas apontou esses problemas 18 anos antes. Nesse sentido, ele é quase
profético.
A parte que me chamou mais atenção foram Os Sete Pecados Capitais Das Empresas Familiares.
Selecionei apenas alguns trechos de cada tópico:
1.
Ansiedade
Muitas vezes, quando o pai deixa um
empreendimento para o filho, está resolvendo mais um problema pessoal do que o
problema do descendente. Está resolvendo sua ansiedade de ver o rapaz
encaminhado. Daí, decide pelo filho aquilo que este deveria decidir por si
mesmo. O pai não consegue esperar o tempo “de lei”, para o filho tomar o
próprio caminho.
2.
Arrogância
Este comportamento, em geral, está
presente não no fundador, mas no Fundador Júnior ou Fundador Neto. O fundador,
que quase sempre é uma espécie de gênio, eventualmente pode vir a desenvolver
traços de soberba quando se torna vencedor, o que até poderia ser
compreensível. Difícil é aceitar isso no Júnior ou no Neto. Estes muitas vezes
adotam a arrogância como defesa para a falta de apetite para a gerência da
empresa, ou mesmo inaptidão.
3.
Autoritarismo
Aqui quem manda sou eu. O chefe
sempre tem razão. Manda quem pode e obedece quem tem juízo. Estas são algumas
das máximas do autoritário, que, tal como o arrogante, não ouve ninguém. Impões
tudo de cima para baixo.
4.
Despreparo
Muitos sucessores acham que o preparo
para assumir a empresa da família se resume ao sobrenome que ostentam, ou que
basta ter o mesmo sangue do fundador, ou simplesmente parecer-se com ele.
5.
Discriminação
Refiro-me também à discriminação que,
no processo sucessório, privilegia o primogênito, ou qualquer descendente muito
parecido com o fundador, ou que leva o mesmo nome dele. Em suma, refiro-me à
situação em que uma visão pessoal se sobrepõe a critérios empresariais.
6.
Ganância
Dentro do grupo familiar, a ganância
é responsável pelas piores brigas, por mais poder, mas dinheiro, mais status,
mais direitos. Esse pecado atropela a competência.
7.
Irresponsabilidade
Essa irresponsabilidade é de diversas
ordens. Envolve os cuidados da empresa com o meio ambiente, a educação, a
saúde, a segurança.
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BOA SEMANA!
BOAS LEITURAS!
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