QUEM TEM MEDO DO FEMINISMO NEGRO? DJAMILA RIBEIRO E AS MULHERES DA FLIP 2018
Quarta-feira, 25 de julho de 2018, começa
a 16ª FLIP – Festa Literária Internacional
de Paraty, na cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro. Estive em
Paraty este ano e achei a cidade linda. Quem tiver a oportunidade, vale a pena
fazer uma visita!
Pôr do sol em Paraty. Foto do acervo pessoal. |
Todo ano a FLIP homenageia um escritor ou
escritora brasileiros. A autora homenageada este ano é nossa querida poetisa Hilda Hilst (1930 – 2004).
Já falamos sobre a musicalização de seus poemas
por Zeca Baleiro no álbum Ode Descontínua
e Remota para Flauta e Oboé (relembre clicando aqui).
É possível ouvir todas as canções no Youtube, trata-se de uma referência à mitologia
grega. São versos da princesa Ariadne para seu amado Dionísio. É impossível não
se comover com a paixão dos versos. Por exemplo na Canção III (cantada por
Maria Bethânia):
A minha Casa é guardiã do
meu corpo
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E protetora de todas minhas ardências.
E transmuta em palavra
Paixão e veemência
E minha boca se faz fonte
de prata
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
Ainda que eu grite à Casa que só existo
Para sorver a água da tua boca.
A minha Casa, Dionísio, te
lamenta
E manda que eu te pergunte assim de frente:
À uma mulher que canta ensolarada
E que é sonora, múltipla, argonauta
Por que recusas amor e
permanência?
Também
falamos do livro Exercícios (“Eu nem soube falar do amor nos homens...”
relembre aqui).
Uma obra belíssima que contempla também versos da autora em homenagem ao pai
dela, recém falecido naquela época. São comoventes.
Comentamos brevemente o livro Caderno Rosa de Lori Lamby de Hilda, como uma referência da literatura
erótica brasileira (relembre aqui).
Com uma flexibilidade que poucos
escritores têm, Hilda foi uma grande mestra da poesia lírica e da literatura
erótica. A homenagem da FLIP é mais do que merecida. Ouso a dizer que até
demorou. Seguindo a tradição sexista que ainda impera no meio literário
brasileiro, dos 16
homenageados de FLIP até hoje só três eram mulheres: Hilda Hilst (2018), Ana Cristina Cesar
(2016), Clarice
Lispector (2005).
Como o objetivo deste blog é dar destaque para
as mulheres na literatura, este ano, a FLIP convidou 33 escritores brasileiros
e estrangeiros (confira lista completa clicando aqui). Entre eles, 16 são mulheres. Quase todas
foram uma descoberta para mim. Gostaria de destacar três que mais chamaram a
minha atenção:
Djalmila Ribeiro (Santos, 1980) é um ícone
do feminismo negro brasileiro. Entre suas obras, destacam-se O que é lugar de fala? e Quem tem medo do feminismo negro? (entraram para a meta de leitura).
Djamila Ribeiro. Foto retirada da Wikipedia. |
Leila Slimani (Marrocos, 1981) é uma
escritora francesa de origem marroquina, cujas obras ainda estão sem traduções para o português.
Foi a primeira mulher a ganhar um prémio literário no mundo árabe-muçulmano (de
acordo com o site da FLIP), o La Mamounia, com Dans le jardin de l’ogre (2014), um romance erótico.
Leila Slimani. Foto retirada da Wikipedia. |
Maria Teresa Horta (Lisboa, 1937) é
ficcionista, poetisa e jornalista. Foi censurada durante o regime salazarista e
tornou-se uma voz potente do feminismo. Na FLIP, lança o livro Antologia de Poesia Erótica.
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