O QUE É COMER BEM?
Domingo, 19 de agosto de 2018. Normalmente
não escrevo sobre as coisas que considero boas e equilibradas na minha vida.
Que sempre foram assim e, talvez, por isso, eu não valorizei (até agora) como
deveria.
Peguei duas edições antigas da revista
Vida Simples na casa da minha instrutora de Yoga. Nessas edições (171 e 172,
respectivamente junho e julho de 2016), li os artigos Comida é patrimônio (Mais do que uma receita, o alimento carrega
as características de um povo e nos conecta com nossas raízes ao trazer o senso
de comunidade e de pertencimento que só resgatamos em volta da mesa) e Transformações à
mesa (O que ganhamos quando
nos abrimos para repensar a nossa maneira de comprar, cozinhar e partilhar o
alimento). Por causa deles e das transformações que estou passando em minha
vida, resolvi escrever sobre alimentação hoje.
O QUE É COMER BEM?
Nunca tive nenhum problema de transtorno
alimentar, meu peso sempre foi mais ou menos equilibrado e não sigo nenhuma
restrição alimentar. Por isso, concordo com a definição de comer bem do segundo artigo,
atribuída a nutricionista norte-americana Ellyn Satter:
“Comer bem é comer quando se está com fome e ficar satisfeito,
escolhendo alimentos dos quais gostamos, e não somente os que deveríamos comer.
Claro que precisamos incluir alimentos variados e saudáveis, mas sem sermos
muito restritivos a ponto de deixar de comer os alimentos prazerosos. Você pode
se permitir comer, às vezes, porque está feliz, ou triste, ou porque o prato é
gostoso. Pode, às vezes, comer demais e se sentir estufado, ou desconfortável,
ou também comer menos desejando ter comido mais. Confie no seu corpo, ele lida
com esses errinhos de alimentação. Deixe de fazer outras coisas quando for o
momento de comer, para dar tempo e atenção ao ato de comer, sem que isso se
torne uma obsessão do dia inteiro. Comer bem é comer de maneira flexível,
variando e respeitando as nossas emoções, a nossa agenda, a nossa fome e a
nossa proximidade com o alimento.”
Concordo plenamente com essa definição e
foi assim que eu sempre encarei a comida. Talvez, por isso mesmo, alimentação
nunca foi um problema na minha vida (graças a Deus). Nessa mesma reportagem,
conheci a obra da nutricionista Sophie Deram. Ela é francesa, naturalizada
brasileira, engenheira agrônoma e nutricionista com doutorado em endocrinologia,
já escreveu sete livros sobre alimentação.
Para quem não sabe, nosso blog lista livros
de mulheres em destaque em várias áreas do conhecimento. É só procurar no canto
esquerdo pela aba Mais Mulheres. Sophie Duram entrou para lista. O livro dela
em destaque é O
Peso das Dietas – Emagreça de Forma Sustentável dizendo Não às Dietas.
A autora também tem um site dedicado ao emagrecimento, só clicar aqui.
A reportagem também apresentou o livro Mindfulness – A Dieta (Mantenha seu peso perfeito para a vida) de
Patrizia Collard e Helen Stephenson, que combina a ideia de meditação junto ao
ato de comer. É algo que estou buscando incorporar na minha vida há muito
tempo. Acredito nos benefícios.
ALIMENTO E IDETIDADE CULTURAL
A primeira reportagem fala de como o
alimento pode ter laços culturais muito fortes e como pode-se atrelar isso
oficialmente a uma identidade cultural, por exemplo, a champanhe que é só da
França. Para isso, o Brasil já conta com o selo IG (Indicação Geográfica), que
é concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Um exemplo de produto que conseguiu o selo
IG é a linguiça de Maracaju, Mato Grosso do Sul. A receita dessa linguiça
remonta a 1890, duas décadas após o fim da Guerra do Paraguai, e atualmente a
iguaria é reconhecida dentro e fora do Mato Grosso do Sul, por seu sabor particular.
É uma das poucas linguiças feitas exclusivamente de carne bovina, que traduz a
identidade daquela comunidade (talvez de ascendência marrana) inserida em um
dos estados com a maior produção pecuária do país.
Por do Sol no Mato Grosso do Sul - Foto do Acervo Pessoal |
Para obter a certificação, os produtores
foram obrigados a criar associações e cooperativas para organizar o processo, o
que resultou em métodos rígidos para melhorar a qualidade do processo final. No
caso da linguiça de Maracaju, a receita (entre o abate do boi até o uso da
tripa do próprio animal abatido, que não passa por processo de secagem, como a
maioria das linguiças) ter de ser estabelecida em muitas mãos, principalmente
de agricultura familiar, que acabam por se beneficiar da reputação, valor
intrínseco à identidade do produto, além de distingui-lo em relação aos seus
similares no mercado.
PROJETO MESA BRASIL: A LUTA CONTRA A FOME E O DESPERDÍCIO DE
ALIMENTOS
Já fomos ao Mato Grosso do Sul e Pantanal,
agora vamos voltar os nossos olhos para um projeto de mais de 20 anos que já
abrange todo o Brasil, mas começou em São Paulo: SESC – Mesa Brasil. Esse projeto
recolhe alimentos não vendáveis (por exemplo, frutas que estão feias por fora)
e os redistribui para instituições públicas, como escolas, creches, hospitais e
asilos, por exemplo. Na França, os supermercados já são obrigados, por lei, a
não jogar fora comida em condições de consumo. Se você ainda não conhece o
projeto MESA
BRASIL, coordenado pelo Sesc, por favor, assista a reportagem
abaixo.
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