MULHERES NEGRAS NA LITERATURA BRASILEIRA E OUTRAS DESCOBERTAS

Que linda a homenagem do Google para a escritora Carolina Maria de Jesus desta semana (confira o texto da Exame sobre o tema clicando aqui)!

OLHOS D’ÁGUA – CONCEIÇÃO EVARISTO

Não é algo que eu me orgulhe, mas até hoje só li um livro escrito por uma mulher negra: Olhos D’Água da Conceição Evaristo. O livro é uma coletânea de contos que recebeu o Prêmio Jabuti (maior premiação da Literatura Brasileira). Eu amei a obra e o estilo de escrita da autora. Não resta nenhuma dúvida que Conceição é um gênio. Mas as estórias são dramaticamente tristes e verdadeiras, acabei ainda não escrevendo tudo que esse livro merecia.

AUTORAS BRASILEIRAS DA DÉCADA DE 50

Hoje eu estava folheando um livro publicado em 1951 pela, então editora, Livrarias Globo. Nas últimas páginas a uma lista de livros publicados pela mesma editora naquele ano. Quase três páginas de duas colunas, repletas de nomes de autores e livros. Resolvi procurar as autoras listas. Encontrei sete. Seguem os nomes delas e os títulos dos livros:

1.     Oneyda Alvarenga - Música Popular Brasileira;

2.     Maria Luiza Cordeiro (a única com três romances publicados) – Onde o Céu começa, Quando morre o Outono, Um Olhar para a Vida;

3.     Carmen Annes Dias – Almas;

4.     Ruth Guimarães – Água Funda;

5.     Maria Jacinta – Conflito;

6.     Cecília Meirelles – Mar Absoluto;

7.     Helena Silveira – A Humildade espera.

Das sete, só conhecia a Cecília Meirelles, mas nunca ouvi falar nesse livro em questão. Fiz uma pesquisa rápida sobre essas mulheres. De muitas, eu não achei nada.

MARIA JACINTA, DRAMATURGA

Sobre Maria Jacinta, já escreveram um artigo acadêmico de 11 páginas em português (confira, clicando aqui). Maria Jacintha Trovão da Costa Campos foi dramaturga, professora, escritora, crítica literária, ensaísta, jornalista, tradutora e diretora teatral. Nasceu no município de Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro, em 25 de setembro de 1906 e faleceu em 20 de dezembro de 1994, na cidade de Niterói. Escreveu, principalmente, para o teatro e radioteatro. Sua obra, em grande parte ainda inédita, constitui-se de peças, contos, críticas, traduções e vasta correspondência. Não, ela não era negra. Mas eu tive que citá-la, porque também foi uma grande descoberta para mim hoje.

RUTH GUIMARÃES, ESCRITORA NEGRA

Mas a minha maior surpresa foi quando eu cheguei em Ruth Guimarães. Seu nome completo era Ruth Guimarães Botelho, ela nasceu no município de Cachoeira Paulista em 1920 e faleceu no mesmo município. Formada em Filosofia pela Universidade de São Paulo (provavelmente em 1944), Ruth foi poetisa, cronista, romancista, contista e tradutora brasileira. Ruth a primeira escritora brasileira negra que conseguiu projetar-se nacionalmente desde o lançamento do seu primeiro livro, o romance Água Funda, em1946.

Livro que eu nunca tinha ouvido falar antes. Isso foi um choque para mim. Quase mudei o nome do nosso blog para “Desculpe, achei que eu era culta, mas vi que eu não sou”. Vou comprar esse livro para não me passar mais vergonha. Adicionem Ruth Guimarães a nossa lista de 33 (agora 34) mulheres negras que mudaram a História do Brasil (relembre a lista completa clicando aqui).

RAINHA NJINGA DE ANGOLA EM QUADRINHOS

E por falar em mulheres que estão na lista...Vocês viram que a História da Rainha Njinga de Angola virou tema de história em quadrinhos para crianças? O livro faz parte de uma iniciativa da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura) chamada Mulheres na História da África. O livro é em português, você pode ler online, baixar ou imprimir gratuitamente (clique aqui para acessá-lo).

A BBC fez um artigo sobre quanto livros que já foram escritos sobre a rainha Njinga (tanto os críticos quanto os favoráveis) e também fizeram um vídeo curto contanto a História impressionante da vida dessa rainha (confira clicando aqui).

Nos próximos posts, vamos falar de Maria Firmina dos Reis, uma grande escritora negra do século XIX. Desculpe-me pela demora. Nossas próximas postagens voltarão a ser no domingo.

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