UMA ESCRITORA QUE GANHOU O NOBEL E A MERCEDES-BENZ


15 de abril de 2019. Desculpem-me pela demora em escrever. Ontem eu terminei de ler Die Liebhaberinnen da escritora austríaca Elfriede Jelinek.
Jelinek nasceu na pequena cidade austríaca Mürzzuschlag em 1946. Segundo a Wikipédia, essa aldeia tinha, em 2016, 8.684 habitantes. Elfriede Jelinek ainda é viva, ela tem 72 anos e continua trabalhando. Ela foi educada em Viena (capital da Áustria), onde vive até hoje.

Elfriede Jelinek, escritora austríaca, ganhadora do Nobel de Literatura em 2004.

A mãe de Jelinek era de uma próspera família alemã-romena, de religião católica. Entre as escritoras de língua alemã, que ganharam o Nobel, também temos Herta Müller, que é romena. O pai de Jelinek era tcheco e adotava a religião judaica. O sobrenome “Jelinek”, significa “cervo pequeno” em tcheco.

Obra-prima da autora. Já traduzida para o português.

Eu comentei com um alemão que estava lendo este livro. Ele não conhecia a Elfriede Jelinek (apesar de ela ter ganhado o Nobel de Literatura em 2004) e reagiu de forma “preconceituosa”, dizendo que: “esse sobrenome não parece alemão, mas de alguém que veio do Leste Europeu”, como se vir do Leste Europeu fosse algo que desqualificasse a obra ou a pessoa.
Coincidentemente, logo depois desse episódio, fui visitar o Museu da Mercedes-Benz em Suttgart, na Alemanha. E advinha quem tinha o sobrenome Jelinek? Dona Mercedes.

Mercedes Jellinek, homenageada que gerou o nome da marca Mercedes-Benz.

A Mercedes Jellinek (o dela é com dois “l”), que deu o nome a marca de carros Mercedes Benz, era filha de Emil Jellinek. Emil Jellinek nasceu em Leipzig, na Alemanha, no berço de uma família judaica e rabínica, de origem tcheco-húngara. Durante a juventude, Emil teve várias aventuras. Ele se alistou no Exército e foi lutar na Argélia, onde teve algum sucesso, mas depois perdeu tudo nos jogos de azar. Depois ele voltou para Europa e abriu uma empresa de seguros. Foi aí que sua filha, Mércedès nasceu. Emil era obcecado por esse nome. Ele nomeou tudo com esse nome, barco, empresa, etc.
Parece que a empresa de seguros também não foi bem, mas ele ganhou uma ampla rede de contatos e uma experiência internacional. O que ele fez com isso? Começou a vender carros. Um visionário se lembrarmos que se isso foi em 1899 e Emil Jellinek foi o primeiro “dono de concessionária” do mundo. Ele conheceu um engenheiro da, então, fabricante de carros Daimer. Eles fizeram uma aposta, se o carro da Daimer ganhasse uma corrida, Emil Jellinek venderia alguns milhares de carros. O Daimer venceu e a partir daí aquele motor passou a se chamar Daimer-Mercedes.
A História foi e voltou. Teve a Primeira Guerra no meio. Os sócios fizeram e desfizeram a sociedade até que a empresa ganhou definitivamente o nome “Mercedes-Benz” em 1926. A Mercedes Jellinek teve uma vida trágica e morreu prematuramente. Por ironia do destino, parece que ela nunca aprendeu a dirigir.

Símbolo da marca Mercedes-Benz.

Voltando a nossa Elfriede Jelinek (com um “l” só), escritora austríaca que ganhou o Nobel em 2004. Em português, já foram traduzidos os livros: A Pianista , Desejo, Capital Fuck e Os Excluídos. Eu li, no original, Die Liebhaberinnen (ainda sem tradução).

Obra já traduzida para o português.

É um romance de estreia, mas já dá para entender porque ela ganhou o Nobel. A autora trabalha muito bem com a língua alemã. Fazendo vários trocadilhos que são intraduzíveis. Ela trabalha muito a questão da mulher e das mulheres pobres. Em algumas partes do livro, pensei que valeu a pena ter aprendido alemão só para ler esse livro. Mexeu comigo em alguns aspectos pessoais.
Se tiver oportunidade, leia pelo menos um livro de Elfriede Jelinek em português. Espero que mexa com vocês como mexeu comigo.
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BOA SEMANA!
BOAS LEITURAS!

Comentários

  1. Minha querida amiga! Como te admiro!!! Você é umas das maiores inspirações para mim!!! Muito obrigada por compartilhar com o mundo mais uma de suas descobertas, e de forma tao pura e sincera! Um grande beijo!

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