NAMORE ALGUÉM QUE OLHA PARA VOCÊ DO JEITO QUE EU OLHO PARA ANTONINE MAILLET


Quarta-feira, dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), foi meu aniversário. Completei 33 anos. Viajei para Montréal para visitar o Salão do Livro, evento que termina hoje. 

Antes de continuar, preciso fazer uma errata do post passado. Na verdade, o limite de chumbo aceitável na água do Brasil é igual ao de outros países em desenvolvimento, como a Índia. Porém é maior do que o do Canadá, porque o Canadá é o único mais desenvolvido do mundo que não tem uma regulamentação unificada sobre qualidade da água.

Também preciso fazer um agradecimento a Pierre Villeneuve, fotógrafo da Sony, que tirou a maioria das fotos, exceto se especificado em contrário.

Entrada do Salão do Livro de Montréal.

Estou terminando de ler Kuessipan da Naomi Fontaine. Há duas semanas, conversei com o atendente de uma livraria, entre outros livros, ele me recomendou livros do escritor québécois Michel Tremblay. Outras pessoas já tinham me falado deste autor, acabei comprando o livro Le passage obligé (A Passagem Obrigatória) do autor, que faz parte de uma coleção chamada La Diaspora des Desrosiers (A Diáspora dos Desrosiers).
Imagino que Derosiers seja uma família francófona da região que antes se chamava Acadie (em português, Acádia), uma região francófona da América do Norte que englobava, além do Québec, outras províncias canadenses e até o estado do Maine, nos Estados Unidos. Se você quiser saber mais sobre a Acádia, clique aqui para conferir a Wikipédia em português. É curioso que um dos primeiros livros que li em francês na vida, aos 18 ou 19 anos, era a História da Acádia para crianças. Gostaria que houvesse algo assim para contar a Histórias dos primeiros judeus que chegaram no Brasil.
Voltando ao Michel Tremblay, infelizmente, não achei nenhuma obra dele traduzida para o português. Mas estou esperando que ele seja um escritor semelhante ao nosso Érico Veríssimo, escrevendo uma grande saga de família que, paralelamente, conta a História de um povo, os francófonos do Québec. Eu não levei o livro para o Salão do Livro, mas Michel Tremblay estava no Salão do Livro de Motréal. Conversei um pouco com ele e tiramos uma foto. 


Michel Tremblay
Depois assisti uma palestra sobre o engajamento de revistas e assisti uma transmissão ao vivo da Radio Canada, a televisão estatal do Canadá. Obviamente era um programa sobre literatura, com vários escritores convidados. Lá estava o Dany Laferrière, autor de quem li o livro Qu’est-ce qu’on ne te dirás pas, Mongo? (O que não vão te contar, Mongo?). 


Transmissão ao vivo da Radio Canada, com Antonine Maillet e Dany Laferrière. Foto: Isotilia Costa Melo.
Havia apenas uma mulher a mesa, muito idoso, com menos de um 1,30 m de autora. Falaram sobre a obra dela, me explicaram que se tratava de Antonine Maillet, uma escritora québécoise de mais de 90 anos, que já escreveu mais de 50 livros. Quando ela tinha 20 anos, ela recebeu uma bolsa de estudos na França, mas ela recusou, porque ela acreditava que deveria ficar no Québec e promover e divulgar a cultura da Acádia.

Eu na sessão de livros sobre caça, pesca e sobrevivência na selva. Tem um livro dedicado exclusivamente à caça de alce.
Quando terminou a transmissão, eu conversei com o Dany Laferrière, ele foi simpático e engraçado, mas se desculpou porque estava com pressa. Infelizmente a nossa foto não ficou boa. 

Dany Laferrière e eu.

Então decidi ir até o estande da editora da Antonine Maillet, para comprar um livro dela também. Comprei Pélagie-la-Charrette, considerada a obra máxima da autora, escrita em 1979 (a exatos 40 anos) e me avisaram que a autora voltaria para dar uma sessão de autógrafos dentro de 40 minutos. Antonine Maillet é como um Guimarães Rosa do Québec, ela escreve em uma linguagem bem tradicional da Acádia. Não sei se vou conseguir ler, mas vou tentar.

Capa da biografia da Hélène Cyr. Fonte: Amazon
Dei uma volta. Conversei com Hélène Cyr, a pessoa mais jovem da História da Bombardier (companhia aérea, concorrente da Embraer), a chegar à vice-presidência, aos 33 anos. Ela deixou tudo para desenvolver uma carreira filantrópica em Rwanda (país africano), com as viúvas e órfãos do massacre tutsi. Agora estão lançando um livro sobre a vida dela. Tivemos uma conversa muito interessante, como eu não comprei o livro, fiquei com vergonha de pedir para tirar uma foto. Hoje eu me arrependo.
Ganhei uma revista feminina em uma promoção. A revista se chama Coup de Pouce (uma expressão para dizer Uma Maõzinha ou Uma Ajudinha) e já tem 35 anos no Québec. A revista tem um monte de receitas interessantes. 

Revista que ganhei no evento. Foto: Isotilia Costa Melo
Também me apresentaram um aplicativo da Radio Canada, que se chama OhDio (clique aqui para fazer o download do app para Android ou Apple). Infelizmente, é tudo em francês, mas a Radio Canada disponibiliza todos os programas e todos os arquivos para download. Aprendi até uma palavra nova, balado, que é como os québécois chamam podcast em francês. A Radio Canada montou um quarto, um ônibus e uma academia dentro do Salão do Livro para dar exemplo de lugares onde as pessoas podem usar o aplicativo. Eu baixei no meu celular e procurei por Noemi Fontaine (a autora que estou lendo) e achei o áudio livro completo de Kuessipan. Talvez eu releia o livro escutando o áudio para fixar melhor a pronúncia.


Sessão de autógrafos com Antonine Maillet. Foto: Isotilia Costa Melo
Voltando a sessão de autógrafos com Antonine Maillet, peguei a fila. Tinha umas 10 pessoas na minha frente, mas a fila ia muito devagar, porque a autora dava uma atenção muito personalizada para cada um. Ela está muito lúcida apesar da idade. Quando chegou a minha vez, ela contou que, há muitos anos, visitou o Rio de Janeiro e amou, principalmente, a Floresta da Tijuca. E que a emprega dela é espanhola, mas é espanhola da Galícia, uma região bem próxima de Portugal, que fala uma língua bem parecida com o português. Ela escreveu uma dedicatória no meu livro com algumas palavras em português e tiramos uma foto. Ela ainda brincou que o pai dela sempre falava para ela nunca tirar uma foto com uma mulher mais bonita do que ela, mas ela desobedeceu ao pai dela mais uma vez. A autora é realmente puro amor e simpatia.

Namore alguém que olha para você do jeito que a Isotilia olha para Antonine Maillet.
Acho que conheci os maiores nomes vivos da Literatura do Québec, todos, em um único dia. Foi muito especial. Sou muito grata por este dia. Lembrei que, lamentavelmente, ainda não conheço os grandes nomes da literatura brasileira pessoalmente. Por exemplo, Nélida Pinõn, cuja família, coincidentemente também é da Galícia, ainda não conheço, mas gostaria muito. Quem vocês gostariam de conhecer?

Eu e Antonine Maillet.
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BOA SEMANA!
BOAS LEITURAS!

Comentários

  1. Iso!!! Minha bela amiga!!! Que fotos mais lindas!!! Você está radiante! Fico imensamente feliz em saber que você teve um excelente aniversário!!! Que todos os seus desejos se realizem, minha querida!!! Obrigada mais uma vez pelo fantástico post!!!

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  2. C'est un plaisir de lire sur tes aventures et de te connaître davantage à travers ces histoires.

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