ANTIFRÁGIL: COISAS QUE SE BENEFICIAM COM O CAOS
Olá, pessoal. Para quem
gosta dos textos mais técnicos, deleitem-se! Estou sentindo que, nas próximas
semanas, só vêm textos de divulgação científica. Por que eu digo isso?
Esta semana foi uma
semana de retorno ao passado. Primeiro, eu fiz uma releitura da novela Khadji-Murát do
escritor russo Liev Tolstói (1828 – 1910). É a segunda vez
que leio este livro, a primeira foi em 2013.
Examplar que eu tive o prazer de reler. Excelente tradução. |
Nesta semana, também
chegou o livro Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos do escritor,
ensaísta, estatístico e analista de risco líbano-americano Nassmi Nicholas
Taleb (nascido em 1960). Foi um presente de amigos muito queridos,
que compraram e me mandaram pelo correio. Como é bom surpreender amigos com
presentes nessa quarentena, né? Vocês também já experimentaram? Achei uma
maravilha.
É a primeira vez que
estou lendo o livro Antifrágil,
mas li A Lógica do Cisne
Negro (do mesmo autor) em 2015. Esse livro teve um grande
impacto sobre mim e me ajudou a decidir por seguir e continuar na carreira
acadêmica.
No antigo blog 500
livros (eu troco o nome do blog a cada 100 livros que leio), escrevi um post comparando A Lógica do Cisne Negro com O Andar do Bêbado
(relembre clicando aqui). Fazendo um resumo bem breve e superficial, “cisne
negro” é um evento (extraordinário) que apresenta três características: é
imprevisível, ocasiona resultados impactantes e, após a sua ocorrência,
inventamos histórias para explica-lo e fazer parecer que nós podíamos prevê-lo.
Exemplo de um cisne negro? A pandemia de COVID-19.
Leitura recomendada. |
No livro A Lógica do Cisne Negro,
o autor tem como principal objetivo nos explicar a sua definição de cisne negro
e até traz algumas ferramentas sobre como lidar com cisne negros (não sobre
como prevê-los, porque isso é impossível), entre elas, a matemática de
fractais. Vou deixar um vídeo sobre o que fractal aqui embaixo (desculpe pelo
português de Portugal, mas acredito que serão capazes de entender, porque falam
bem devagar).
O livro Antifrágil possui
612 páginas. Eu já li o Prólogo (34 páginas). O autor propõe o conceito de “antifrágil” como sendo a propriedade de se beneficiar,
levar vantagem, melhorar, crescer, quando cisnes negros (eventos inesperados)
acontecem. Nesse sentido, “frágil’ é tudo aquilo
que quebra e acaba quando um cisne negro acontece. Também existe o “robusto”, aquilo que está protegido (até certo ponto)
contra um cisne negro, mas que, assim como o frágil, não ganha e nem aprende
nada com o evento. Nas palavras do próprio autor:
“Assim, a relação deste livro com A Lógica do Cisne Negro seria a
seguinte: apesar da cronologia (e do fato de que este livro leva a ideia do
Cisne Negro a sua conclusão natural e prescritiva). Antifrágil figuraria como o volume principal, e A Lógica do Cisne Negro, uma espécie de backup, teórico, talvez até mesmo seu
apêndice primário. Por quê? Porque A
Lógica do Cisne Negro (e seu antecessor, Iludidos pelo Acaso) foram escritos para nos convencer de uma
situação catastrófica e foram categóricos nisso; este aqui parte da posição de
que que não é preciso convencer ninguém de que (a) os Cines Negros dominam a
sociedade e a História (e as pessoas, por causa da racionalização posterior ao
fato, julgam-se capazes de compreendê-los); (b) como consequência, não sabemos
exatamente o que está acontecendo, em especial sob severas não linearidades;
assim, podemos partir de imediato para questões práticas.”
Comecei a leitura. Parece muito interessante. |
Ao final do prólogo,
existe um quadro de exemplos do que seria frágil, robusto e antifrágil em
diversas áreas. Por exemplo:
Atitude com relação aos erros: odeia erros (frágil), erros são apenas informação (robusto),
adora erros (antifrágil, uma vez que em um ambiente
antifrágil, eles são pequenos).
Relações Humanas: Amizade (frágil), parentesco (robusto) e atração (antifrágil).
Já na minha área de
interesse, exposição ao risco em carteiras de investimento: Markowitz (frágil), critério de Kelly
(robusto) e critério de Kelly usando apostas finitas
(antifrágil). Vou deixar os links para quem quer saber mais sobre teoria moderna de portifólio (Markowitz, aqui)
e sobre estratégia de Kelly (aqui). Só para deixar claro, Kelly não era uma mulher, é o sobrenome do cientista John Larry Kelly Jr. (1923 - 1965). Se vocês quiserem que um dia eu escreva mais sobre os dois critérios, por favor, peçam nos comentários.
Jane Jacobs, exemplo de Urbanismo antifrágil. |
Como diz um amigo meu, “isso aqui é um blog com uma pitada feminista”, quando chegou na parte de Urbanismo, o exemplo do autor de uma antifrágil era Jane Jacobs (1916 – 2006). Fui pesquisar e descobri que se trata de uma escritora e ativista política canadense, nascida nos EUA. Sua obra mais conhecida é A Morte e Vida das Grandes Cidades Americanas: o Fracasso do Planejamento Urbano (entrou para minha meta de leitura!). No livro, a autora buscava identificar, dentro do cotidiano das grandes metrópoles norte americanas da década 1950, as razões da violência, da sujeira e do abandono.
Principal obra da Jane Jacobs, entrou para minha lista de leitura. |
Jane Jacobs era anticomunista e trabalhava para o Departamento de Estado norte-americano durante o Macarthismo. Marcarthismo refere-se ao senador norte-americano Joseph McCarthy e refere-se ao período entre 1950 e 1957, quando a paranoia e a repressão (real ou imaginária) ao comunismo cresceu acentuadamente. Mesmo sendo anti-comunista, Jane Jacobs foi acusada de "comunismo" e perseguida. Especulo que talvez essa seja a razão que a fez mudar-se para o Canadá e adotar a cidadania daquele país.
Estou planejando ir
escrevendo, aos poucos, sobre Antifrágil,
conforme a leitura evolua. Mas, talvez, eu alterne com outros temas também. Vai
depender de como as coisas evoluam. Veremos.
Muito
obrigada por permitirem que eu compartilhe isso. Querendo saber mais novidades,
vocês me acham no Facebook e no Instagram.
Que indicação genial! Muitíssimo obrigada! 😍😍😍
ResponderExcluirRô, muito obrigada. Que bom que gostou!
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