Os Melhores Livros entre os 700 : “Eu sou um general e não escuto ordem de cabo!” - General Hammerstein para Hitler

Oi, pessoal! Para quem é novo por aqui, eu uso umas redes social de leitores e livros chamadas Skoob (mais focada no público brasileiro, link aqui) e GoodReads (mais focada em público internacional, link aqui). O Skoob também permite a troca de livros, por isso, mantenho as informações de lá um pouquinho mais atualizadas, principalmente as leituras. Quando eu cheguei a 600 livros lidos e registrados no Skoob, o blog 600 livros foi lançado.


Fonte: Unsplash - Crédito: Suad Kamardeen


A boa notícia é que, na semana passada, cheguei a 700 livros lidos (na contagem do Skoob)! Mas agora acho que não vou mudar o nome do blog. Invés disso, vou fazer uma série de recomendações de autores (preferencialmente ficcionais para não causar tanta polêmica), cujas obras me impactaram e que eu gostaria que fossem (ainda mais) conhecidos. Não sei quantos autores estarão nessa lista, provavelmente 7. 

Pode ser que ela não saia politicamente “balanceada”. Gostaria de falar igualmente sobre autores homens e mulheres, brasileiros e estrangeiros, mas descobri que não dá para ser tão “balanceado”, porque, infelizmente, as minhas leituras não foram tão balanceadas ao longo da minha vida. Mas vamos lá, ao número 1 hoje:


Fonte: Unsplash - Crédito: Jakob Owens

1.                  Hans Magnus Enzensberger

Hans Magnus Enzensberger é um escritor, poeta, tradutor e editor alemão. Nascido em 1929, ele é um dos últimos escritores vivos que viveu durante o regime do Terceiro Reich. Apesar de mundialmente conhecido, Enzensberger é pouco conhecido no Brasil. Conheci o autor por acaso. Comprei o livro Hammerstein ou A Obstinação, porque estava na promoção de uma livraria e li. Foi uma leitura surpreendente tanto pela vida do personagem narrado como pelo estilo do autor. Na sua vida também acontecem coisas assim? Grandes descobertas acontecem ao acaso?


Hans Magnus Enzensberger, foto retirada da Wikipédia em alemão.

Quem foi o general Hammerstein?

Trata-se da biografia ficcional do general alemão Kurt von Hammerstein-Equord. Personagem real, nascido em 1878 e falecido em 1943 (devido a um câncer, durante a Segunda Guerra Mundial). O general Hammerstein era (e ainda é) considerado um dos maiores gênios da História militar, admirado até pelos inimigos. Também foi um ferrenho inimigo de Hitler, com quem ele travou uma luta sangrenta (nos bastidores).


Foto retirada do site Enjoei.com

Hammerstein: Um gênio militar que odiava militares

De acordo com seu biógrafo Enzensberger, apesar de ser um gênio da área, Hammerstein odiava o Exército e odiava ser militar. Ele só seguiu a carreira militar porque foi obrigado. Como ele era nobre de uma família militar, ele era obrigado a seguir a carreira desde o nascimento. A vida dele era fazer as obrigações militares com o máximo de eficiência possível e ir para casa caçar com os amigos, que era o que ele mais gostava de fazer.

General Hammerstein-Equord, foto tirada a Wikipédia.

Hammerstein: Um pai progressista

Além disso, o general Hammerstein se descava por outras “excentricidades” para a época. Ele era “feminista”. Todas as filhas dele fumavam, bebiam e dirigiam carros (no comecinho de 1900). Elas se casaram com judeus (durante a Segunda Guerra) e o Hammerstein não dava a mínima para isso. Ele educava os filhos com o lema “O medo não é um partido político”. Todos os filhos dele, em algum momento, foram comunistas e os filhos integraram a resistência armada dentro da Alemanha.


Marie Louise Hammerstein, Baronesa de Münchhausen (1908 - 1999), filha do general Hammerstein, que inspirou a personagem de uma popular série televisiva alemã chamada Babylon Berlin.

Hammerstein: A pedra no sapato de Hitler

Finalmente, pelo que entendi pela leitura do livro, o conflito entre o general Hammerstein e Hitler começou em um jantar. Hitler ordenou alguma coisa para Hammerstein, ao que Hammerstein (que desprezava Hitler) respondeu: “Eu sou um general e não escuto ordem de cabo!”. Hitler ficou com ódio do general e mandou mata-lo. O general Hammerstein sobreviveu ao atentado, mas o melhor amigo dele (outro general), não. Hammerstein ficou com ódio de Hitler por isso e os dois travaram uma luta nos bastidores da Alemanha (durante a guerra).

Fonte: Unsplash - Crédito: Erika Fletcher

Por que essa biografia é ficcional?

A vida do Hammerstein, por si só, já é muito interessante. Além disso, ele encontrou um grande biógrafo, o escritor Enzensberger. Trata-se de um livro ficcional, porque nele o autor se coloca como um repórter faz uma entrevista “do além”, com pessoas mortas que conheceram e conviveram com o general Hammerstein em vida. Por exemplo, uma de suas amantes. E essas pessoas contam como o general era e o que elas viveram com ele. Em termos de escrita e estilo literário, o livro é fantástico.

Quem foi Nelly Sachs?

Além disso, recentemente encontrei outra referência ao escritor alemão Hans Magnus Enzensberger.

Como vocês sabem, minha meta é ler pelo menos um livro das 16 mulheres que já ganharam o Nobel de Literatura (acompanhe clicando aqui). A décima terceira leitura foi um livro de poesias da escritora Nelly Sachs.

À esquerda, Selma Lagerlöf (1858 - 1940), primeira mulher a ganhar o Nobel em 1909.
À direita, Nelly Sachs (1891 - 1970), sexta mulher a ganhar o Nobel em 1966. 
Lagerlöf trabalhou ativamente (junto a família real sueca) para salvar a vida Nelly durante a Segunda Guerra.

Sachs foi a sexta mulher a ganhar o Nobel (em 1966). Ela era uma judia alemã que conseguiu fugir para a Suécia no começo da Segunda Guerra (graças à ajuda de outra Nobel de literatura, a sueca Selma Lagerlöf, que pediu a interseção do príncipe da Suécia para tirar Nelly Sachs e a mãe da Alemanha). Posteriormente Sachs se naturalizou sueca e também ganhou o Nobel. Portanto, a Suécia é um país que conta com duas laureadas com o prêmio. É interessante, não é? Uma mulher ajudando a outra, uma foi a mentora e a inspiração da outra.

Mas quem indicou Nelly Sachs ao Nobel em 1966? Hans Magnus Enzensberger, o próprio. Em 1966, ele já tinha 37 anos e era um editor influente dentro da Sociedade de Livreiros da Alemanha. É tão irônico que um escritor tão bom tenha indicado para o Nobel uma escritora que ganhou o prêmio, mas ele mesmo nunca ganhou. Será que ainda ganhará? Atualmente ele tem 91 anos.

Livro adicionado a minha meta de leitura

Para escrever este post, descobri que, em 2019, Hans Magnus Enzensberger teve mais um livro traduzido para o português, Tumulto. De acordo com a descrição da editora (Todavia), trata-se de:


Testemunho do maior nome vivo da literatura alemã sobre um momento complexo e pouco compreendido da história recente.

Em Tumulto, Enzensberger oferece suas memórias dos anos 1960, época cuja agitação política prenunciava uma revolução não só nos regimes de governo, mas também na cultura de diversos países. Da literatura à política, da história à sociologia, o autor narra experiências vividas no circuito da oficialidade militante, em que o seu olhar preciso e irônico revela as contradições entre utopia e autoritarismo que marcaram o espírito daquele tempo.



Entrou para minha meta de leitura, com certeza!

Muito obrigada. Se quiser conversar mais, você me acha por aí, nas redes sociais...Instagram, Facebook e LinkedIn.

Boa semana!

Sobre a autora

Sou Isotilia, algumas pessoas também me conhecem como Ada. Sou engenheira, fascinada por tomadas de decisão em ambientes complexos e negociações. Sou apaixonada por Mentoria, Educação, Consultoria, Orientação e Pesquisa na área de Gestão e Tomada de Decisão, principalmente aquelas que envolvem a integração de métodos quantitativos e inteligência artificial.

Sou mestra e doutora em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente estou fazendo MBA em Negócios Digitais (USP) e sou orientadora dos projetos finais do curso de MBA em Gestão de Projetos (USP), desde 2018. Em transição para assumir um projeto na Universidad Adolfo Ibáñez (UAI), no Chile, reconhecida por ter a melhor Escola de Negócios da América Latina. Já orientei mais de 50 projetos de gestão, apliquei-os a diversos setores.

Minha tese de doutorado foi o desenvolvimento de um modelo de gestão de custos de estoque, aplicado ao comércio eletrônico. Na minha dissertação de mestrado, desenvolvi indicadores para medir o desempenho de corredores de transporte, integrando três pilares da sustentabilidade (econômico, social e ambiental).

Comentários

  1. Não conhecia nenhuma das histórias retratadas, que fantásticas! Fico impressionada com a ligação que você faz entre os assuntos nos seus textos, fica uma leitura tão fluida, brilhante!

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    1. Muito obrigada, Rô. Sua amizade e apoio são muito importantes para mim :)

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