MULHERES DO DINHEIRO, DO ESPORTE, DA MÚSICA, DA GUERRA E DA RELIGIÃO
Descobri que existe um livro chamado Dicionário Mulheres do Brasil.
O livro foi lançado em 2000, os autores são Maria Aparecida (Schuma) Schumaher
e Erico Teixeira Vital Brazil. O livro traz 900 entradas sobre mulheres da
História brasileira, que não são normalmente estudadas na escola. Ainda não
tenho esse livro, mas, com certeza, tenho interesse em adquiri-lo.
Hoje eu vou retornar a lista de mulheres
do livro Nos Heroïnes (Nossas Heroínas) de Anaïs Barbeau-Lavalette e Mathilde Cinq-Mars
sobre as mulheres que fizeram a História do Québec. Vou tentar fazer um paralelo
com mulheres brasileiras.
MULHERES DA RELIGIÃO
Rosalie Cadron-Jetté (1794
– 1864) foi uma religiosa canadense, fundadora das Irmãs de Misericórdia de
Montréal e reconhecida como venerável pela Igreja Católica.
Retrato de Rosalie Cadron-Jetté feito por Marie Perras (1860), obra da coleção permanente do Museu das Irmãs de Misericórdia de Montréal. |
Madre Joana Angélica de Jesus (1761 – 1822) foi uma
religiosa brasileira e mártir da independência brasileira. Os soldados portugueses
invadiram o Convento da Lapa, em Salvador, para estuprar as feiras brasileiras.
Diz a lenda que a Madre resistiu dizendo algo como “Vocês só entram passando
por cima do meu cadáver.”. Os portugueses a mataram. O fato se ela disse ou não
isso pode ser lenda. Mas é comprovado que ela foi morta a facadas pelos
portugueses durante a independência brasileira.
Heroína da independência brasileira |
Émile Gamelin
(1800 – 1851) foi uma freira canadense, fundadora das Irmãs da Província de
Montréal e reconhecida como bem-aventurada pela Igreja Católica.
Em 1823, Émile casou-se com
Jean-Baptiste Gamelin, 27 anos mais velho, um empresário especializado no
comércio de maçãs que compartilhava a mesma fé e os mesmos valores de compaixão
pelos menos favorecidos.
Após o casamento, realizado em 4 de
junho de 1823, o casal mudou-se para a casa de Jean-Baptiste, no Faubourg
Saint-Antoine, onde este morava com um jovem portador de deficiência mental
chamado Dodais, que salvou sua vida. durante um ataque ocorrido bem antes do
casamento.
Essa estátua de Émile Gamelin fica na principal estação de metrô de Montréal (Berri - UQAM). Eu tenho uma relação de amor por ela. |
Émile vivia em harmonia com esse homem
que a associou a seus negócios e obras de caridade. Ela pôde deixar que seus
talentos gerenciais florescessem. Um primeiro filho nasceu em maio de 1824. De
sua união, ela teve três filhos que morreram ainda jovens. O último morreu no
verão de 1828.Jean-Baptiste morreu em 1824, deixando Emilie uma viúva. Após a
morte do marido, ela continuou, a pedido expresso dele, a cuidar de Dodais.
Émilie pegou febre tifóide em 1838 e
esteve à beira da morte. Dom Ignace Bourget, nomeado bispo de Montreal em 1840,
desejava que as Filhas da Caridade de São Vicente de Paula imigrassem da França
para dirigir o trabalho de Madame Gamelin. O Asilo da Providência foi construído
graças à dedicação de Dom Bourget e Madame Gamelin, que imploravam para arcar
com os custos. Ele foi inaugurado em maio de 1843.
Diante da notícia de que as Irmãs da
França não chegariam finalmente a Montreal, Mons. Bourget e Jean-Charles Prince
decidiram fundar uma nova congregação religiosa canadense, a primeira fundada
em Montreal, pelos canadenses de origem.
Em 25 de março de 1843, 7 noviças
entraram nas Filhas das Caridades Servas dos Pobres, comumente chamadas de Irmãs
da Providência. Gamelin sentiu nela o desejo de se entregar inteiramente. A
pedido do arcebispo Bourget, ela visitou Elizabeth Ann Bayley Seton, nos
Estados Unidos, para obter informações sobre como governar uma comunidade.
Retornada com uma cópia do governo de São Vicente de Pauloe foi admitida no
noviciado em 8 de outubro de 1843, fez profissão com os seis primeiros
recrutas, em 29 de março de 1844, e foi eleita superior em 30 de março de 1844.
Seu instituto, que na época contava 51
irmãs e dezenove noviças e cuidava de quase mil pessoas, abriu definitivamente
a porta para os institutos de caridade fundados a partir de sua morte (em
1851). As Irmãs da Providência servem os mais pobres, até hoje, em sete países
(Canadá, Estados Unidos, Chile, El Salvador, Haiti, Filipinas e Egito).
É difícil fazer uma comparação justa com
Émile Gamelin. Nós podemos pensar na Irmã Dulce (1914 – 1992),
a primeira santa brasileira. Mas elas viveram em épocas completamente
diferentes.
MULHERES DA GUERRA
Hortense Globensky (1804 – 1873) também
conhecida como a Amazona das Duas Montanhas ou a Heroína do Norte foi uma
heroína canadense conhecida por seu papel legalista durante as Rebeliões de
1837 e 1838. Por duas vezes, ela evitou o linchamento do cadáver de seu marido
e evitou rebeliões no Québec.
Maria Quitéria, heroína da Independência brasileira. |
Heroínas, o Brasil teve muitas. Além de Joana
Angélica, durante as invasões holandesas em 1646, no Pernambuco, aconteceu a
Batalha do Tejucupapo, onde quatro mulheres - Maria Quitéria, Maria
Camarão, Maria Clara e Joaquina – lideram os brasileiros e venceram os
holandeses.
Houve outra Maria Quitéria heroína (1792 – 1853). Foi
uma militar brasileira. Ela se vestiu de homem para ir lutar nas guerras de
independência brasileira na Bahia. Capturou vivo um comandante português e
liderou batalhas vencedoras. Na época, ela foi condecorada pelo Imperador, mas
morreu esquecida e na miséria. Hoje ela é patrono (seria melhor matrona?) do
Exército Brasileiro. A primeira vez que tomei contato com a História de Maria
Quitéria foi por meio do livro O Soldado que não era de Joel Rufino dos Santos.
MULHERES DA MÚSICA
Emma Albani (1847 -1930) foi a
primeira cantora lírica canadense a se tornar internacionalmente conhecida. Música
me faz pensar em Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935).
Emma Albani |
Emma e
Chiquinha nasceram no mesmo ano e Chiquinha morreu cinco anos depois. Chiquinha
Gonzaga foi compositora, instrumentista e maestrina brasileira. Também foi a
primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Entre as suas composições mais
famosas, está a marcha carnavalesca “Ó Abre Alas!” (1899).
Chiquinha Gonzaga |
MULHERES DO ESPORTE
Les
club des Archères de Montréal foi o primeiro clube esportivo para
mulheres do Québec. Elas praticavam arco e flecha. Não consigo fazer um
paralelo disso com nada na História do Brasil. Mas quem foi a primeira
brasileira a ganhar uma medalha olímpica? Acertou quem pensou na nadadora Maria Lenk (1915
– 2007).
Maria Lenk sendo recebida pelo Presidente Getúlio Vargas. |
MULHERES DO DINHEIRO
Dorimène Desjardins
(1858 – 1932) foi co-fundadora do Banco Desjardins, hoje um dos maiores bancos
do Québec. Se eu tiver uma filha, vou chama-la de Dorimène. Risos.
Dorimène Desjardins |
Pouca gente
sabe, mas o Brasil também teve suas banqueiras. O Banco Industrial e Comercial
(BIC) também foi fundado por uma mulher cearense, Maria Amélia Bezerra
de Menezes. Hoje ele foi comprado por um banco chinês. A filha de Maria Amélia Alacoque Bezerra de Menezes foi a primeira
mulher nordestina a se eleger senadora (leia uma reportagem sobre ela, clicando
aqui).
O Brasil também teve a minha heroína, a primeira mulher a se tornar uma mega
investidora de capitais no mundo, Eufrásia Teixeira Leite (1850 – 1930). Relembre o que eu já escrevi sobre Eufrásia clicando aqui.
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Maravilhoso!!! Tantas mulheres fantásticas, que fizeram História, e infelizmente pouco lembradas pela comunidade! Admiro muito um trabalho como o seu de buscar a valorização das mulheres notáveis na História do Brasil e do mundo!!!
ResponderExcluirOi, Roberta! Muito obrigada. Fico feliz por proporcionar algo de bom. Muito obrigada por me motivar assim. Você é linda!
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