10 REFERÊNCIAS DA LITERATURA INDIANA E 1 DA ETÍOPE
Na semana passada, terminei de ler o livro
da poetisa brasileira Cora Coralina (1889-1985). Agora estou lendo o livro Aguapés da
escritora indiana e norte-americana Jhumpa Lahiri.
Provavelmente este será meu último post em
três semanas. Nos próximos domingos, estarei, respectivamente, em Addis Abeba
(capital de Etiópia), Mumbai (Índia) e, de novo, Addis Abeba. É uma das viagens
mais longas e “ousadas” que já fiz na vida. Espero que tudo dê certo.
Isso me fez desejar escrever um texto
sobre literatura indiana. Em princípio, não sei praticamente nada. Mas fui
juntando informações e colocando em uma folha de papel.
Meu primeiro contato com a literatura
indiana deve ter sido na Biblioteca Municipal Senador Camilo Chaves da minha
cidade natal, Ituiutaba, Minas Gerais. Lá tinha uma coleção traduzida de
ganhadores do Prêmio Nobel, entre eles o poeta hindu Rabindranath Tagore (1861-1941).
Na época, lembro de ter lido alguns poemas
ou o livro todo. Mas não me marcou. Pode ser por causa das dificuldades da
tradução ou porque eu não tinha maturidade para ler na época. Tagore ganhou o
nobel em 1913. Parece que ele era muito amigo de Mahatma Ghandi (1869-1948), o
pacifista indiano que virou símbolo automaticamente associado ao país, assim
como Madre Teresa
de Calcutá (1910-1997), desde 2003, Santa Teresa de Calcultá.
O sobrenome Ghandi me faz lembrar Indira Ghandi
(1917-1984), duas vezes primeira ministra na Índia (de 1966 a 1977 e de 1980 a
1984). Foi a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de estado indiano. Descobri
depois de adulta que ela não era filha do Ghandi. Ela era filha do também
político Jawharlal Nehru e adotou o
sobrenome Ghandi do seu marido, Feroze
Ghandi.
Depois disso, passei muitos anos sem ter
qualquer contato com a literatura ou História indiana, apesar de praticar Yoga.
Fui a Portugal e comprei um livro histórico História
dos Portugueses no Malabar de Zidadin (relembre aqui).
Pouco se sabe sobre o autor, exceto que ele era indiano e muçulmano por volta
de 1500. E viu os portugueses invadirem sua região (Goa) e tentarem impor a sua
cultura (língua e religião, principalmente). Goa fica a 400 km ao sul de Mumbai
(local da conferência onde eu vou). Uma vez um doutor em Física russo me contou
que tinha conhecido um pesquisador indiano que falava português (até hoje),
porque sua família descendia dos primeiros portugueses que chegaram nessa
região.
Tem gente que acha que a religião indiana
é só o hinduísmo. A minha madrinha deve estar achando que eu vou para Índia
para me banhar no rio Ganges, recitar mantras esquisitos e praticar politeísmo.
Mas não é verdade. Existem várias religiões na Índia. Entre elas, o islamismo.
Para quem não sabe, a Índia está em guerra com o Paquistão há muitas décadas.
Para tirar o visto e ir para Índia, entre as perguntas que eu tive que
responder é se algum dos meus pais ou avós era paquistanês. Acredito que se
fossem, isso comprometeria o meu visto. Eu tenho um colega de universidade que achava
que a guerra entre o Paquistão e a Índia fosse de cunho religioso. Aparentemente
não é. Os dois lados são muçulmanos. Aliás, uma coisa que eu não entendi até
hoje é: qual o
motivo da guerra entre o Paquistão e a Índia? Quem souber, por
favor, explique.
Surfando na mesma temática, o sucesso do
livro e filme A Vida de Pi do escritor
canadense (nascido na Espanha) Yann Martel também faz uma discrição (muito
interessante) do mundo religioso indiano, aí sim, hiduísta. Vale muito a pena
dar uma lida, principalmente, nos primeiros capítulos.
Mas vou falar de religião mais no final. Voltando
ao assunto, uma vez eu morei com uma doutoranda em física evangélica (ixi,
falei de religião). Ela era fascinada pela Índia. Ela me deixou alguns livros
de ficção ambientados na Índia. Sei que tem um escrito por um canadense,
nascido na Índia. Não estou em casa agora, por isso, não consigo confirmar. Mas
é interessante notar como o Canadá sempre esteve presente na minha vida e só
agora eu noto. Quanta coisa não é assim, né? Só passa a existir depois que a
gente reconhece.
Lembro de outro livro que ela deixou
chamado Na Pele de um Dalit de um
escritor francês chamado Marc Boulet. A Índia seguiu oficialmente um regime de
castas por muitos anos. Hoje, oficialmente, o país não segue mais. Porém, os
dalits ainda representam a classe menos favorecida. Parece que o autor se
infiltrou nesse grupo de pessoas e foi ter a experiência de viver com eles.
Minha colega ficou bastante chocada com o livro.
Já na área profissional, dois autores
indianos causaram forte impacto em mim, o Pankaj Ghemawat, que escreve sobre estratégia e
globalização (relembre aqui)
e Sheena Iyengar,
uma economista canadense cega (de origem indiana) que escreve sobre a arte de
fazer escolhas (relembre clicando aqui).
Nesse meio tempo, também li Autobiografia de um Iogue do Yogananda
(relembre clicando aqui).
O autor coloca referências muito interessantes sobre a História e cultura
indiana no texto e sobre como ela afetou a cultura dita “ocidental”, por
exemplo, por meio de Alexandre, o Grande. Por isso, recomendo a leitura deste
livro a todos os tipos de leitores, mesmo para os que não se interessam por
Yoga e espiritualidade.
Quando eu estava começando essa onda de
ler mais livros escritos por mulheres, li A distância entre
nós da escritora norte-americana
de origem indiana Thrity Umrigar (relembre clicando aqui).
Livro fortíssimo e belíssimo. Agora estou lendo Aguapés
da Jhumpa Lahiri
porque faz parte da coleção Mulheres na Literatura, lançada pelo jornal Folha
de São Paulo há alguns anos. Na época, eu comprei e guardei. Agora estou lendo.
No meio do caminho, cruzei com outras
referências. A jornalista internacional da Folha, Patrícia Campos Mello, escreveu um
livro sobre o país, Índia: Da Miséria à Potência.
Não li, mas, pelo título, parece bem otimista com relação às perspectivas
econômicas indianas.
Também cruzei por acaso, em uma livraria
de rodoviária, com o livro Meu Tipo de Garota
do escritor Buddhaveda
Bose (1908–1974). O resumo dizia que estória se tratava de um
grupo de homens de diversas origens sociais que ficaram presos em uma estação
de trem, devido à chuva. Eles começam a falar sobre seus casos amorosos do
passado. Isso permite ver a sociedade conservadora da época e seus costumes.
Buddhaveda Bose também é apontado como um dos
maiores autores da língua bengali. No livro Aguapés,
o fato de ser bengali ou não também é frequentemente apontado. Fui pesquisar e
parece que a língua bengali é a língua falada nos estados de Bangladesh e
Bengala Ocidental (extremo oriente indiano, bem distante de onde eu vou). Por
alguma questão política que eu não compreendo, isso é importante para eles.
A mãe de um colega ficou sabendo que eu
vou para Índia e me emprestou o livro Bhagavad Gita comentado por Sai Baba (líder
espiritual indiano) e o professor Hermógenes (pioneiro do Yoga no Brasil). Outra
líder espiritual indiana que é bastante reconhecida e já escreveu vários livros
é Mata Amritanandamayi
Devi, conhecida como Amma. Ainda não tive o prazer de ler nada dela,
mas fica a referência.
Uma amiga me mostrou um site que lista o
livro mais comentado de cada país no mundo. Vou deixar um link para essa lista aqui.
Para o Canadá, o livro é Anne de Green Gables de Lucy Maud Montgomery (livro infanto-juvenil da escritora,
que nasceu em 1874 e faleceu em 1942). Para a Etiópia, o livro é Beneath the Lion’s Gaze da escritora etíope Maaza Mengisto
(nascida na capital do país em 1974). Para a Índia, o livro é O Deus das Pequenas Coisas de Arundhati Roy, escritora e ativista nascida em
1961. Todos entraram para a lista (que só cresce, é claro!).
BOA SEMANA!
BOAS LEITURAS!
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Maravilhosa!!! Minha lista também só cresce graças a suas indicações preciosas! Não vejo a hora de ler todos os livros que você cita por aqui! Beijos, minha amiga! 😘😘😘
ResponderExcluirMuito obrigada, Rô!
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